sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Crônica - Partilha, comunhão e vizinhança


A partilha de outrora era, de fato, comunhão. Alguém vai reclamar que já falei do pão caseiro da Dona Maria, vizinha que todo fim de semana aquecia o forno de tijolos construído no quintal e assava cinco ou seis deles. Um era para minha mãe.

Rua Juruá, 181, Vila Nova, Londrina. O endereço é este. A casa onde eu morava foi demolida. Uma bela e moderna moradia está em seu lugar. O pão era feito nas sextas e seguia quase que um ritual. Dona Maria acordava bem cedinho e tratava de colocar as roupas no varal.

Depois, numa mesa de madeira instalada na varanda dos fundos lidava com a massa. O velho rolo de madeira tratava de dar o ponto necessário e o formato era trabalhado com arte. Enquanto a massa descansava, Dona Maria providenciava os gravetos para aquecer o forno.

A lenha se achava no próprio quintal. Nem as mercearias mais atualizadas da época vendiam carvão. Bobagem estocar num bairro sem asfalto nas ruas e com muita vegetação secando na beirada das casas um produto que ninguém usa.

Fogo aceso esperava-se pelo crescimento para em seguida o cheiro gostoso do pão caseiro assanhar a vizinhança. Nas sextas também se faziam as limpezas gerais, com água tirada do poço artesiano lavando até o chão de terra. Não era desperdício, a água abundava e deitava a poeira que encardia os panos de prato.

No final da tarde, ainda antes do anoitecer, o pão passava pela cerca de madeira, das mãos de Dona Maria para as mãos de Dona Luiza, minha mãe. Isso era um hábito entre os vizinhos de outrora. Se alguém fazia um doce de banana, preparava-o em quantidade para repartir com quem mora ao lado.

Ninguém mantinha este hábito por ser uma obrigação. E se fizessem uma lei tornando a prática necessária, com certeza os vizinhos de antigamente dariam às costas. Continuariam a ser fraternos por terem a fraternidade dentro de si.

Aliás, essa comunhão também não dependia de recomendações dos orientadores religiosos inspirados nas escrituras. Por falta de igrejas e de templos nas proximidades raramente a minha vizinhança participava de celebrações. Só nas ocasiões especiais vestiam roupas de domingo e calçados engraxados para um batizado, um casamento, uma missa de sétimo dia em outros bairros.

Mamãe raramente preparava algo diferente e se constrangia ao receber partilhas dos vizinhos. Mas, costureira, ela por tantas vezes acertou caseados, bainhas, botões mal colocados e costuras desfeitas sem cobrar nada das vizinhas. Os favores eram trocados, mas sem que ninguém se sentisse na obrigação de devolver alguma coisa.

Parecia uma família pronta a participar da vida de todos de um jeito produtivo e gostoso. Nada a ver com as promessas escritas e faladas de agora.


terça-feira, 3 de abril de 2012

Mais um pouquinho de paciência, gente!

Aproveito a Semana Santa para tentar ser santo. Do tipo mártir, submisso, alinhado ao convencional e meio que disposto a dar a outra face. É o tempo que preciso para repensar o meu blog de contos, crônicas e reportagens e os blogs nas quais tenho participação, o das batalhadoras e o do fórum de jornalismo. Peço, assim, desculpas aos meus poucos mas valiosos leitores/seguidores. Prometo voltar com carga após esse tempo de reflexão.

Tenho, aliás, expectativas. Sem elas a gente sucumbe. Quero no blog de contos, crônicas e reportagens ser criativo. Atualmente só de vez em quando consigo isso tantas são as tarefas diárias. Chega uma hora de vazio após escrever um monte de textos profissionais. Sim, sou empregado e se não recebo por linha escrita às vezes me vejo obrigado a redigir o protocolo de um cerimonial com criatividade e desenvoltura tamanha para evitar que o público presente adormeça.

É mole? Pelo contrário, é dureza. A cada minuto surge um desafio e de vez em quando é preciso tirar água da pedra em plena estiagem. É, o sol castiga e o salário é muito suado. De sobra a gente leva uma sacola de desaforos de desafetos que nos tornam inimigos por inveja.

Quanto ao blog das batalhadoras. Ah, se fosse por mim eu transformaria aquilo num canal de comunicação da comunidade! Por enquanto sou o articulista solitário que redige de acordo com convicções e princípios que são exclusivamente meus. Admito: não é a fórmula adequada para um blog de comunidade. 

Então dou-me ao direito de defesa e digo que não estou, por enquanto, em condições de contato mais constante com aquela população. O problema é geográfico e financeiro, pois moro na zona oeste de Londrina, trabalho em Cambé e a sede das batalhadoras fica na zona sul de Londrina.

Mas prometo uma reavaliação após conversas com a diretoria da entidade. Aliás, preciso que a própria comunidade me abasteça com informações, pois a redação e a postagem do que as pessoas querem colocar no blog fica por minha conta e eu faço isso entre a noite e a madrugada. Com satisfação e muito tesão de escrever. É isso que eu sei fazer.

Também espero novidades no fórum de jornalismo. Isso vou deixar para depois, mas a expectativa é animadora. E por enquanto, mais uma vez, peço paciência aos meus poucos mas valorosos leitores. Vai bombar muito em breve com acontecimentos importantes sobre o jornalismo ético da região.

(Walter Ogama) 

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Opinião - Pai, por que me abandonaste?

Faz mais de dois mil anos que aquele homem, após ser traído, chicoteado e caminhar longa distância carregando uma cruz de madeira nos ombros, foi pregado a ela. Fincada a cruz o homem, minutos antes de morrer, deixou algumas palavras, na forma de uma pergunta: “Pai, por que me abandonaste?”

A Bíblia tem uma explicação lógica e provavelmente conveniente para aquela manifestação. Ele, como filho de Deus, estava na terra como homem. E quando os ladrões que foram crucificados com ele perguntaram com ironia por que, sendo filho Dele, não merecia a interferência da salvação daquele momento de sofrimento e agonia, o livro sagrado responde que Jesus, em carne, pagava naquele momento por todos os nossos pecados.

E se a manifestação Suprema não se deu naquele momento crucial, ocorreu a partir da remoção milagrosa da pesada pedra que fechava o túmulo e então com a ressurreição. Esta seria a prova de que o homem torturado e morto era mesmo filho de Deus.

Claro, aqui neste texto dou-me à permissão de ser intérprete da leitura da Bíblia. A intenção não é de transcrever literalmente o que o Livro nos diz. E ouso, embora sabendo de discordâncias de pessoas subsidiadas em anos de estudos sobre o assunto e outras nem tanto, mas apegadas a uma fé que se torna paixão, questionar: a provação na forma de tamanha violência foi em vão?

A guerra religiosa de milênios ainda perdura naqueles mesmo locais. Só que agora não são com o uso de pedras, lanças e flechas. A tecnologia permite hoje muito mais mortes num único ato. Não há mais necessidade de cruz de madeira. As armas são modernas e às vezes as guerras são químicas. Irlanda do Sul e Irlanda do Norte passaram bons pares dos últimos anos matando e sofrendo baixas. Nesse caso a explicação lógica era o conflito religioso, mas com a estampa inegável dos interesses políticos. Assim como lá e em diferentes fases da história.

O comunismo e o capitalismo em suas variadas configurações também envolveram nos embates os apegos materiais de uns e os espirituais de outros. E dirão, alguns analistas, que este conflito nada teve a ver com a fé. Mas ela foi em significativos momentos a grandeza que gerou discordâncias porque do bom ou mau uso dela é que se formulavam os preceitos da economia e da política.

Especialmente no Brasil temos nesta exata etapa de nossas vidas a guerra que põe no lixo toda a nossa base cultural, onde entram a fé e a religião, a democracia e a política, a educação e o respeito para com o próximo e assim por diante. É uma guerra de valores, ou melhor, contra os valores. A permissividade é aceita com naturalidade. A roubalheira é descarada e vista como normalidade. Homens e mulheres participam das missas e dos cultos dominicais e fora dos templos e das igrejas agridem, submetem, ridicularizam, destratam e desprezam. E justificam que foi em defesa própria.

Sim, defesa própria. Aquele homem, pelo que consta no Livro, não foi torturado e morto porque pego em um ato de defesa própria. Assim consta na Escritura Sagrada: ele foi chicoteado, caminhou com a pesada cruz no ombro, foi pregado a ela e morreu, deixando aquelas palavras que devemos, dois mil anos depois, lembrar diariamente para conhecer o seu real significado: “Pai, por que me abandonaste?”

(Walter Ogama)

quinta-feira, 29 de março de 2012

Dominante e dominado na prova do concurso

Classe dominante e classe dominada! Faz tempo não ouvíamos e nem líamos nada sobre isso. É bom lembrar, no entanto, que esse termo foi muito usado no Brasil do período militar. E a gente, quando remetido para aqueles anos, recupera na memória a cara rechonchuda do então ministro Delfin Neto. No mundo a classe dominante nos remete aos debates de outrora sobre o marxismo, que a chamava de burguesia no sistema capitalista. Enfim, era a classe social que controlava o processo econômico e político.

Controlava? Na verdade nunca perdeu o controle, apenas assumiu novas denominações usando dos mesmo artifícios: a exploração econômica, política e cultural, o que inclui o trabalho, a oportunidade de renda, o acesso ao ensino de qualidade, o lazer, a possibilidade de vida social, a saúde e tudo o que faz parte do cotidiano do povinho.

Recente concurso realizado pela Fundação de Apoio à Educação, Pesquisa e Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (Funtef-Pr) para a Prefeitura de Cambé mostra claramente que a classe dominante está firme e forte e como no passado ainda hoje age descaradamente contra a classe dominada.

Na prova para as vagas de gari cerca de meia dúzia de questões relacionadas à conhecimentos gerais reflete este embate. Uma pergunta é sobre o nome de uma atriz de novela da Globo. Outra é sobre frase que caracteriza uma personagem de humor de programa da Globo. Uma questão chama o recém-falecido jogador de futebol Sócrates de libertário. E assim vai, invocando dupla sertaneja que aparece frequentemente no Domingão do Faustão ou o nome da música que consagrou um tal de Michel Teló, que nem fazemos questão de conferir se escrevemos o nome correto porque não faz diferença.

Cultura geral é isso, para a equipe que elaborou estas perguntas. E não se pode exigir mais conhecimento que isso para um candidato a vaga de gari porque o risco é desse trabalhador, sendo aprovado ou não, adquirir cultura de verdade após estudar para o concurso. Cultura, enfim, é um direito adquirido da classe dominante. A classe dominada não pode saber mais do que as fococas e as vulgaridades.

E vejam a que ponto chegamos! Somos obrigados a tratar a cultura com subdivisões: cultura de verdade. Isso significa que pode haver cultura de mentira. E não estamos falando de contra cultura. Estamos nos referindo a este empreendedorismo vergonhoso de ser contra a cultura para as pessoas que não tem acesso a ela.

Isso se faz assim mesmo. Tratando quem não tem recursos para assistir a um bom espetáculo de teatro ou música como pessoas burras e dando a ela mais incentivo para assistir o BBB do Pedro Bial e pagar caro para se espremer no Parque Ney Braga enquanto um meia boca canta no recinto de shows.

E porque Sócrates foi libertário? O jogador, que também era médico, lutou pelos profissionais do futebol. Por isso foi respeitado como atleta e como líder. Libertário é um termo jocoso e provocativo. Sócrates não foi libertário. Ele foi um líder.

Nunca, na verdade, tivemos a ilusão de que esta guerra fria da classe dominante contra a classe dominada tivesse chegado ao fim. Mas em determinados momentos caímos na ilusão e aceitamos passivamente que os patrões chamassem os empregados de parceiros ou colaboradores. Também engolimos durante toda a nossa vida, como se aquilo fosse doce e degustável, aquele gasto discurso: o trabalho enobrece. Concordamos! Mas quem é que é o enobrecido?

Em governos mais recentes, depois do milagre brasileiro de Delfin e dos militares, Collor de Melo implantou o neoliberalismo caipira e perverso. Henrique Cardoso inventou outro neoliberalismo e além da privatização desvairada criou o voluntário para consertar escolas e unidades de saúde. Também incentivou seus partidários a criarem leis para esconder os informais atrás de programas que empobrecem os formalizados que passam a ser microempreendores individuais. Lula criou a república assistencialista e calou os banqueiros e os grandes grupos econômicos com legislações contemplativas. Dilma dá sequência.

Então... se soubermos o que a Globo difunde, segundo as questões daquela prova, temos cultura. Yes! Nóis sabe das coisas!

segunda-feira, 26 de março de 2012

Apenas curtas para recuperar o fôlego

Com silicone?

A ida aos supermercados no último final de semana provocou calafrios. O quilo do peito de frango que na semana retrasada podia ser encontrada por cinco ou seis reais saltou para nove ou dez. Pela embalagem deu para ver que os abatedouros são da região. Como a elevação do preço saltou assustadoramente ficamos imaginando que as empresas não só abateram e transformaram os frangos para o consumo. Dá impressão que também implantaram silicones nos peitos dos frangos.

E a cerveja?

Encontramos num supermercado uma daquelas marcas que ninguém compra. Estava por um real e trinta e nove centavos a lata de 473 ml. Baratíssimo! O jeito foi levar algumas para casa e beber fazendo de conta que era a outra de um real e oitenta e nove centavos. E no fim deu na mesma. Refrescou, aqueceu, empaturrou e deixou o almoço de domingo zonzo. Horas depois o líquido foi evacuado no vaso sanitário. Por um preço mais em conta.

Longa vida é?

Pelo jeito não. Na semana retrasada havia promoção: um e trinta e nove a unidade integral, semidesnatada ou desnatada. Na semana passado só se achou por um e quarenta e nove, na promoção. Nem as vacas se empenhando contra a carestia.

Falando em carne...

Preço indigesto. O aumento ocorre da noite para o dia e está lembrando aquele período das remarcações. Num tradicional supermercado de Londrina, onde raramente ocorre distorção entre o preço da prateleira e do sistema eletrônico, que vai nos caixas dos estabecimento, este final de semana percebemos dois erros. O feijão vermelho anunciado por três e dezenove por meio quilo estava registrado no sistema por três e noventa e nove. O sorvete de determinada marca, na promoção anunciada por oito e noventa e oito, estava registrado no sistema por nove e noventa.

Fique atento

Cuidado! Como as remarcações são agora diárias, nem sempre os preços etiquetados conferem com os preços registrados no sistema. Você pega um produto de um e noventa na prateleira por causa da etiqueta velha que não foi trocada e no sistema, já atualizado, o mesmo produto está por mais. Nesse caso o consumidor tem o Código para protegê-lo. Mas habitue-se a conferir a nota eletrônica que discrimina os produtos e os preços antes de sair do estabelecimento.

quinta-feira, 22 de março de 2012

22 de março é o Dia Mundial da Água

Fique atento: apenas 0,008% da água da Terra é própria para o consumo, apesar de dois terços do planeta serem formados pelo líquido. Por isso a Organização das Nações Unidas (ONU) promulgou em 1992 0 22 de março como o Dia Mundial da Água.


Naquele ano a ONU divulgou a Declaração Universal dos Direitos da Água, documento que precisa ser lido, compreendido e sobretudo praticado diante de tantos atos nocivos ao meio ambiente e aos recursos naturais. Transcrevemos: 



Declaração Universal dos Direitos da Água


Art. 1º - A água faz parte do patrimônio do planeta.Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão é plenamente responsável aos olhos de todos.

Art. 2º - A água é a seiva do nosso planeta. Ela é a condição essencial de vida de todo ser vegetal, animal ou humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura. O direito à água é um dos direitos fundamentais do ser humano: o direito à vida, tal qual é estipulado do Art. 3 º da Declaração dos Direitos do Homem.

Art. 3º - Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimônia.

Art. 4º - O equilíbrio e o futuro do nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este equilíbrio depende, em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos começam.

Art. 5º - A água não é somente uma herança dos nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como uma obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras.

Art. 6º - A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo.

Art. 7º - A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis.

Art. 8º - A utilização da água implica no respeito à lei. Sua proteção constitui uma obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado.

Art. 9º - A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social.

Art. 10º - O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Muitas reflexões, poucas comemorações

A Carteira de Trabalho e Previdência Social está completando 81 anos nesta quarta-feira, 21 de março de 2012. Ela foi instituída pelo decreto 21.175, de 21 de março de 1932, e regulamentada pelo decreto 22.035, de 29 de outubro de 1932. Em 1934 o então presidente Getúlio Vargas tornou a Carteira de Trabalho e Previdência Social obrigatória para fins de consolidação dos direitos trabalhistas.

Devemos ficar atentos: a desoneração dos patrões é discurso constante de alguns políticos. Em outras palavras, essa desoneração, de acordo com propostas que já surgiram, é a supressão de alguns direitos trabalhistas. O tucanato brasileiro é campeão de propostas nesse sentido.

O 21 de março é também o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial. A data foi instituída porque em 1960, na cidade de Shapevile, África do Sul, 60 negros foram mortos e centenas foram feridos durante uma manifestação. O protesto era contra a obrigatoriedade do passe para o negro transitar por áreas brancas.

E pela primeira vez acontece o Dia Internacional da Síndreome de Down, data que foi proposta à Organização das Nações Unidas pelo Brasil. O 21 de março foi escolhido em referência aos três cromossomos 21 que caracterizam quem tem a trissomia do cromossomo 21. Uma delegação brasileira participa da sessão da ONU. A brasileira Tathiana Piancastelli, de Campinas, é uma das oradoras oficiais da sessão. Outros oito brasileiros, vinculados à Fundação Carpe Diem, lançam durante o evento o livro “Mude o seu falar que eu mudo o meu ouvir”.

O 21 de março é também o Dia Mundial da Poesia, Dia Universal do Teatro, Dia Mundial da Floresta, Dia Mundial do Sono (OMS) e Dia Mundial da Infância (UNICEF).

terça-feira, 20 de março de 2012

Curtíssimas – Sobre desemprego e informalidade

Um fardo tucano

As campanhas eleitorais no Norte do Paraná, principalmente em Londrina, são pontuadas com uma grave acusação aos candidatos tucanos. E com justa razão. Difundem os opositores que o tucanato nacional, na época de Fernando Henrique Cardoso, tentou acabar com muitas das garantias trabalhistas. Isso foi tentado com bicadas na Consolidação das Leis do Trabalho.

Muito antes

Na verdade a tentativa de desonerar o patronato veio de antes. O outro Fernando, aquele, Collor de Melo, inventou o neoliberalismo tupiniquim. Inspirado em bons modelos de potências européias, mas fadado ao fracasso por causa dos jeitinhos brasileiros, em que a corrupção não ficou de fora. Deu no que deu.

E depois o outro

Já na fase petista o modelo sindicalista para evitar fechamento de postos de trabalho foi regulamentado. Criaram o banco de horas que faz o trabalhador permanecer na ativa quando o patrão quer e dá folga quando o empregado não precisa. Nessa discussão sobre o prolongamento da jornada de trabalho nunca se discutiu seriamente o banco de horas. Com pagamento de horas extraordinárias muita gente ia aceitar jornada estendida. Com banco de horas só ganha o empregador.

E agora

Um tucano é o autor do projeto que resultou no MEI, o Micro Empreendedor Individual. Tinha que ser feito alguma coisa, pois o desemprego tirou muita gente da População Economicamente Ativa (PEA) do Mercado de Trabalho. Mas não resolve, embora o acesso aos financiamentos e a própria instituição da regularização da atividade estejam claras na lei. Parece mais um jeitinho brasileiro.

E o desemprego

Continua em alta. Alguns índices oficiais ou patrocinados pelo poder público tentam mostrar o contrário. Em alguns setores é possível que sobrem vagas. Mas digamos: em alguns setores.

Assim sendo

Persiste a batida do martelo num ponto que sempre pressionamos: só mentem e tentam nos conformar com medidas paliativas porque somos calados. 

segunda-feira, 19 de março de 2012

Igualdade intelectual e diferenças físicas

Não ousamos transcrever todas as frases sobre mulheres que estão disponíveis na internet. Mas para quem quiser conferir a receita é simples: digite no Google e elas aparecem. Encontram-se variedades. Algumas são assinadas por supostos sábios. Mas nem nesses é possível achar um pouco de unanimidade. A mulher, na ótica de muitos, ainda é a figura frágil e carente que precisa ser amada de um jeito especial para ser valorizada. Isso quando o conteúdo é decente, porque também vigora com força o machismo que vê ainda hoje a mulher como objeto.

Há também os que só enxergam nelas os aspectos consumistas e vaidosos. Nesses casos a inteligência da mulher nem é considerada. Os mais ousados, se não falam diretamente, a tratam como seres desprovidos de pensamento e de vontade própria: basta comprar jóias e pronto. O que dizer, por exemplo, de um Oscar Wilde? Confiram o que ele diz sobre as mulheres. Este cara foi um talento naquilo que fez. Mas em se tratando de mulher parece ter raiva delas. Até Machado de Assis, em algumas poucas aparições, mostra equívocos e pecados.

E mulher falando de mulher? Também se encontram contradições e ironias. Isso nos parece pior do que um homem ironizando uma mulher. Mas nunca confundam a ousadia feminina com libertinagem. Uma coisa nada tem a ver com a outra. O BBB, por exemplo, é a libertinagem e a sacanagem de todos os gêneros: amassos, sexo, puxação de tapete e fofocas. Ainda assim temos que admitir: a mulher é explorada apenas como sexo em programas do gênero.

Igualdade onde? Segue um carro na frente conduzido por uma mulher. E a qualquer deslize o de trás se queixa: tinha que ser uma mulher. E olha: tem um monte de marmanjo que não dirige tão bem quanto elas.
Estamos no mês da mulher. Coisas grandes e pequenas tem que ser discutidas visando aprimorar o conceito de igualdade. Em primeiro lugar, os gêneros devem ter respeitados as suas condições inclusive físicas. Uma mulher pedreira sabe tão bem quanto um homem assentar tijolos. Mas a sua condição física não permite que ela carregue sacos de cimento nas costas. E se assim o fizer ela estará ultrapassando os seus limites.

São coisas a serem consideradas nesse luta de anos que ainda hoje, em 2012, pouco avanços apresentou. Há uma luta pela igualdade de condições. Mas as características físicas dos gêneros deve ser levado em conta. Enquanto as batalhas se sucedem, deixemos que eles falem das mulheres com ironias. Em determinados ambientes é só isso que eles sabem fazer...

sexta-feira, 16 de março de 2012

A raiz é muito mais podre do que parece

Segregação e genocídio. É o que esta acontecendo no Brasil. O pior é que os atos que caracterizam tais crimes são praticados por brasileiros contra brasileiros.

Os jornais desta sexta-feira, dia 16 de março de 2012, trazem matérias sobre os números divulgados pelo Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos da População em Situação de Rua e Catadores (CNDDH).

Um dos dados mais alarmantes: de abril de 2011 até a segunda semana de março deste ano 165 moradores de rua foram mortos no Brasil. Isso significa que a cada dois dias um morador de rua foi assassinado.
Matéria da Agência Brasil inclui depoimento da coordenadora do CNDDH, Karina Vieira Alves, que informa: as investigações policiais de 113 destes casos não avançaram e ninguém foi identificado e responsabilizado pelos homicídios.

Além do CNDDH há o registro de denúncias feitas pelo Disque 100, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, que só no ano passado recebeu 453 ligações. São casos de tortura, negligência, violência sexual, discriminação e outros contra sem-tetos.

Desse total 120 registros são de ocorrências no Estado de São Paulo. O Paraná vem em seguida com 55 registros negativos. Em terceiro Minas Gerais e o Distrito Federal com 33 casos cada. Deve ser levado em conta que muitas das ocorrências deixam de ser notificadas, conforme alerta a coordenadora do Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos da População em Situação de Rua e Catadores, Karina Vieira Alves.

O que estimularia a segregação e o genocídio no cidadão comum? A certeza de impunidade? Os corriqueiros escândalos no poder público e na política em geral cujos desfechos são penas mínimas? Os epsódios das novelas da Globo que colocam sempre glórias nos malfeitores?

Na verdade tudo isso contribui. Mas a raiz do mal é a mesma que acabou com a cultura e a noção de certo e errado neste país. Infelizmente o regime militar aniquilou idéias. Trocou a massa crítica da população por coca cola e instigou a maldade. Com maldade não há solidariedade. Pelo contrário, há sertanejo universitário, BBB, A Fazenda, Tereza Cristina e Griselda, som acima do permitido nas ruas, motorista falando ao celular enquanto dirige, meninos enxugando latinhas de cerveja no estacionamento dos supermercados e necessidade de matar.

A cultura, dizimada, faz falta. É ela que dá sobriedade, coerência, bom senso e sabedoria ao ser humano. 

quinta-feira, 15 de março de 2012

Como olhar o próximo e interagir com ele

Neste mundo de correrias costumamos esquecer das outras pessoas. A luta por um bom emprego e, porque não, pela sobrevivência, faz de nós indivíduos sem tempo. E fatalmente isto leva ao egoísmo.

Mesmo diante de questões coletivas como saúde, educação, oportunidades, segurança, renda e, enfim, aquilo que é essencial e básico para todos, temos a tendência de desviar os olhares.

Atentem para esta frase: “Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se”.

O autor é um grande escritor, jornalista e ativista político da Colômbia. Chama-se Gabriel Garcia Marquez. Em 1982 recebeu o Prêmio Nobel de Literatura pelo conjunto de sua obra. Vamos repetir Garcia Marquez:

“Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se”

Gabriel Garcia Marquez

terça-feira, 13 de março de 2012

É só uma brincadeirinha despretensiosa

Sem formalidade e nada de rigor científico. Vamos fazer de conta. Se a presença das mulheres nos textos e nas fotos dos jornais significasse a importância delas na sociedade, teríamos o seguinte resultado com base de um jornal local importante, a Folha de Londrina. A pesquisa é na edição desta terça-feira, 13 de março de 2012.

Na capa: elas aparecem numa foto. São três adolescentes e duas adultas. Nada em texto.

Na página 2, de Opinião: uma leitora assina texto na seção de cartas. No expediente do jornal, aparecem a diretora Tânia Lopes e a chefe de redação Fernanda Mazzini.

Na página 3, de Política: Loriane Comeli, Paula Barbosa Ocanha e Luciana Cristo assinam matérias.  Há mulheres citadas em alguns dos textos.

Na página 4, de Política: três matérias assinadas por Luciana Cristo um por Paula Barbosa Ocanha. O único homem que trabalhou na página é o colunista Cláudio Humberto, que conta com a ajuda de duas mulheres: Ana Paula Leitão e Teresa Barros.

Na página 5, de Política: a colunista é Dora Kramer. Loriane Comeli assina uma matéria.

Nas páginas 6, 7 e 8: nada, nem texto e nem foto.

É só uma amostra feitas de brincadeirinha. Ficamos apenas no primeiro caderno. Neste espaço podemos dizer que elas estão empatadas com os marmanjos. Um detalhe: no primeiro caderno elas predominam na cobertura de assuntos complexos.

segunda-feira, 12 de março de 2012

A capital federal e o seu estigma segregacionista

Genocídio pode não ser o termo correto. Mas vamos usá-lo como sendo o adequado para tratar de um assunto que diz respeito diretamente à parte da sociedade brasileira: a segregação. Vamos sim usar genocídio, porque a palavra faz referência a uma das mais sórdidas formas para exterminar grupo torturando, matando e colocando em evidência o grande pecado do ser humano de ser cruel quando discrimina e alimenta o preconceito.

Há 15 anos um índio pataxó foi queimado e morreu nas ruas de Brasília por um bando de meninos da classe média. Nestes últimos dias outras vítimas foram feitas também em Brasília, além do registro de uma outra ocorrência no Mato Grosso do Sul.

Brasília foi concebida por Juscelino Kubichek, que encomendou o desenho da cidade para Oscar Niemeyer e Lúcio Costa. Quem bancou a construção de Brasília foi o povo brasileiro.

Oscar e Lúcio Costa criaram uma cidade para ricos. Ninguém consegue andar a pé em Brasília. Seus viadutos e suas ruas largas bem mostram que aquilo é para quem tem dinheiro para comprar um carro para si, outro para a mulher e outros para os filhos. Se a situação financeira não permite carros em casa, o jeito é apelar para as vans que são controladas por amiguinhos políticos de uns e outros.

Mas foram os fandangos que construíram Brasília. Sim, os cabeças chatas que depois de Brasília pronta foram mandados para as cidades satélites. É mais ou menos o que Maringá faz: pobre é enviado para Sarandi.
Brasília, portanto, já surgiu segregacionista. Meça isso no comércio: pobre faz compras no Conjunto Nacional, de onde dá para ver lá embaixo a Explanada dos Ministérios, o Congresso Nacional e a sede do governo federal. 

Rico, que são os filhos de parlamentares, funcionários comissionados dos políticos e parentes de embaixadores, ministros, magistrados e quanto mais gasta dinheiro em shoppings modernos. A cerca de quatro quilômetros do Conjunto Nacional, por exemplo, existe quase em frente do Hospital Sarah Kubitchek o Pátio Brasil, um dos locais de frequência requintada.

Infelizmente muitos dos modelos que temos na política, quando o assunto é corrupção, chegam de Brasília. Pior: essa segregação está crescendo de lá. E nós, aqui no Norte do Paraná, temos que ter força para manter a nossa consciência. Que predomina o nosso lado cidadão e os criminosos raciais, de gênero ou de condição social e econômica nunca ganham terrenos sob os nossos céus.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Opinião - Insisto! 8 de março é um dia de luta!

(texto de Walter Ogama extraído de http://walterogama.blogspot.com)

Vejo na programação do mês da mulher de Cambé uma palestra com um tema que me causa arrepios: “A importância da mulher no lar”. O que é isso? Algo para deixar o marido sempre bem alimentado e gordinho? Receita para deixar a casa limpa e aromatizada de segunda à segunda aproveitando os horários de folga do trabalho e das atenções com os outros afazeres domésticos? Ou um truque para lavar e passar a roupa entre o preparo do almoço e a compra no supermercado?

Peco por não ter ido à palestra, no dia 8 de março em um centro municipal de educação infantil, apesar das perguntas que me vieram à cabeça. Mas se pequei nisso tenho o direito de pelo menos manifestar que o título, além de arrepiar, provoca indignação.

Também por não ter ido ao evento desconheço que tipo de público esteve presente. Reconheço que estas ausências não me credenciam a ser crítico, mas torço que a exposição tenha tido enfoque diferente daqueles que me vieram à cabeça. Ainda assim, se me fosse dada a possibilidade de opinar, eu diria que ficaria melhor um título assim: “A importância da mulher na família”. Isso daria mais amplitude ao tema e o leque permitiria inclusive a interação da família na comunidade e, consequentemente, da comunidade com o conjunto da sociedade nas questões políticas, culturais, sociais e econômicas.

Preocupa-me a equivocada interpretação que as autoridades, principalmente, tem do Dia Internacional da Mulher, 8 de março. É uma data promulgada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para redefinir pautas, avaliar conquistas e pontuar itens que afligem as mulheres e, por tabela, toda a humanidade. Porque as mulheres já são maioria na População Economicamente Ativa (PEA), são no Brasil mais da metade dos brasileiros que votam nas eleições, são comandantes de órgãos públicos federais importantes e assumem postos elevados na iniciativa privada.

Ainda assim há muitas desigualdades, sobretudo no chão da fábrica. A própria cota obrigatória dos partidos de candidatas mulheres é questionada, pois muitas delas apenas vão para a disputa de cargos públicos para cumprir uma lei. Então, nem nas sociedades mais avançadas o Dia Internacional da Mulher é uma data para ser comemorada. E os órgãos públicos, alguns comandados por mulheres, anunciam a programação como uma comemoração.

Equívoco ou proposital? Assim eu quase concluo que o tema da palestra que mencionei acima foi levado ao pé da letra. Ou seja, além de participar da renda familiar, cuidar das crianças, fazer compras, cozinha, lavar louça, passar roupa e limpar a casa, a mulher tem que ser uma excelente dona de casa.

Lembro que a instituição e promulgação do Dia Internacional da Mulher teve entre as motivações o incêndio numa indústria têxtil que empregava cerca de 600 operários, a maioria mulheres de 13 a 23 anos que cumpriam jornada de trabalho extensa. Cerca de 120 delas perderam a vida no acidente.

quinta-feira, 8 de março de 2012

A melhor homenagem nas letras da poetisa

Assim eu vejo a vida

A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.”

Obra gigante de Cora Coralina, batizada Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas. Ela nasceu em Cidade de Goiás no dia 20 de agosto de 1889 e faleceu em Goiânia no dia 10 de abril de 1985. Doceira de mão abençoada, Cora Coralina ficou conhecida no mundo como poetisa e contista.

Ler Cora é privilégio. Tê-la como referência no 8 de março, Dia Internacional da Mulher, é muito mais do que isso. Para este blog Cora Coralina é a mais justa homenagem às mulheres.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Sobre igualdade e valorização da mulher

Em troca da divulgação do site transcrevemos trechinhos de entrevista com a professora de psicologia clínica da Universidade Nacional de Brasília, Cláucia Diniz, e a ex-presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, Rosiska de Oliveira, postada em http://www.educacional.com.br/alunoreporter/entrevistanacional.asp?idARMateria=16

Sobre igualdade entre os sexos e valorização da mulher Rosiska diz que significa direitos civis adequados à realidade de cada um. “Por exemplo: a licença maternidade é o reconhecimento de uma diferença que garante às mulheres o direito ao trabalho”.

Para Gláucia igualdade é um termo complexo “que englobaria toda uma reflexão filosófica, sociológica e jurídica sobre a questão”. Ela acrescenta: “É inegável que avançamos muito no reconhecimento do lugar social da mulher, mas citarei alguns exemplos que evidenciam o quanto ainda precisamos melhorar. No contexto sociopolítico, mais amplo, podemos nos perguntar: com que freqüência as necessidades femininas são levadas em conta na elaboração dos projetos de desenvolvimento dos governos? Com que freqüência as metas estipuladas são atingidas? No contexto político partidário, apesar da política de cotas, as mulheres ainda enfrentam muitas dificuldades para sustentar uma candidatura e alcançar resultados positivos. A maior parte da verba dos partidos é destinada ao financiamento de campanhas dos homens”.

E mais, de acordo com Gláucia: “No mundo do trabalho, ocorre um fenômeno mundial: muitas mulheres têm nível educacional equivalente ou superior ao dos homens, mas continuam a ganhar menos que eles no exercício de funções idênticas. Alguém poderia retrucar que existem mulheres que ganham muito mais do que homens, mas elas são a exceção, e não a regra. Mulheres têm mais dificuldades de acesso aos cargos mais altos (gerência, direção) e também de conseguir promoções, tanto nas organizações públicas quanto nas privadas. Sem falar no assédio sexual, que é um fator que prejudica tanto a saúde mental quanto o desempenho profissional da mulher”.

A entrevista foi feita por César Munhoz, com a colaboração de Camila Souza. Vale a pena ler o material na íntegra. Vamos repetir o endereço eletrônico e basta apenas clicar: http://www.educacional.com.br/alunoreporter/entrevistanacional.asp?idARMateria=16

segunda-feira, 5 de março de 2012

De quais conquistas podemos nos gabar?

A mãe da menina Grazielly terá um 8 de março de muito sofrimento. O Dia Internacional da Mulher também será de tristeza para a mãe da adolescente que caiu de um brinquedo num parque e morreu.

Verdade! Como já dissemos neste espaço, o 8 de março é um dia de luta e reflexão. Uma data para refazer a agenda em torno das questões que afligem as mulheres e precisam ser analisadas.

O ideal seria que a auxiliar de panificação que trouxe Grazielly ao mundo pudesse, no Dia Internacional da Mulher, participar de um evento convocado pela sua categoria para discutir melhores condições de trabalho, por exemplo. E que a mãe da adolescente que perdeu a vida no parque de diversão pudesse engrossar mobilizações que buscam igualdade, direitos, oportunidades, possibilidade de renda, trabalho, educação, saúde e muito mais para todas as mulheres brasileira e suas famílias.

Mas ambas sofrem. Grazielly foi atropelada e morta por um Jet Sky. A adolescente teve a vida tirada por pessoas que descuidam da vida alheia e, neste Brasil afora, tem autorização para colocar brinquedos perigosos em funcionamento sem que eles estejam funcionando adequadamente.

A luta por um Brasil mais justo para todos os brasileiros é uma causa da mulher. Assim como é pauta da ordem do dia para homens, adolescentes, jovens, adultos de diferentes faixas etárias e idosos.

A morte de Grazielly ocorreu no carnaval. Além do noticiário sobre o acidente alguns jornais trouxeram aprofundamentos e inclusive mostraram dados que causam muita preocupação. Uma delas, a de que as pessoas envolvidas na morte da menina de três anos têm ligações políticas, inclusive com pretensões de candidaturas nas eleições deste ano.

Parece verdade. Nada mais se diz sobre os trabalhos para achar e responsabilizar os culpados. E a nós cabe, pelo menos, usarmos dos nossos espaços para lembrar, neste 8 de março, de tantas injustiças que aqui neste texto estão exemplificados com dois epsódios trágicos. Mas há outros, como o da morte recente de um estudante em Londrina dentro de um estabelecimento de ensino.

Algo está errado e talvez o nosso silêncio diante de tantas atrocidades ajudem os malfeitores a cometerem mais atrocidades. O 8 de março é um dia de luta e de reflexão. Vamos ter isto muito forte em cada um de nós. 

sexta-feira, 2 de março de 2012

Precisamos de alguém que ordenhe as vacas

A indignação não é pela afirmação do novo ministro da Pesca, Marcelo Crivella: “Eu não ponho uma minhoca no anzol”. Ele foi nomeado pela presidente Dilma Rousseff para ajeitar uma situação eleitoreira, numa trama que envolve religiões.

Na verdade, Crivella pode ser ministro da Pesca sem nunca ter pescado e até mesmo sem jamais ter comido carne de peixe por preferir os bovinos. O que ele precisa para comandar este ou outro ministério é ter boa base do que é ser um homem público investido no executivo ou no legislativo. Conhecer a Constituição Federal, ter na ponta da língua o estatuto do partido da qual pertence e ter vontade política.

Com esse básico ele terá condições de se cerca de assessores técnicos que saibam colocar a minhoca no anzol. Assessores quer não sejam cabos eleitorais dele ou da Dilma. Ou apadrinho de qualquer outro que esteja na condição de um emprego de favor em troca de meia dúzia de votos que conseguiu para fulano, sicrano ou beltrano.

Tem que ser um técnico que entenda do assunto. Será esse o profissional que jamais deverá ensinar o ministro a colocar a minhoca no anzol, mas terá o papel de subsidiá-lo com projetos técnicos apontando planos, soluções perspectivas e ações.

O outro enfoque é o da justificativa sem culpa, dita de um jeito descompromissado pelo outro ministro de Dilma, o londrinense Gilberto Carvalho. Segundo ele, Crivella facilitará relação com igrejas. Absurdo! Um bom governo governa para o povo. E no meio deste povo haverá católicos, evangélicos e pentecostais. Todos, a partir dos 16 anos de idade, são eleitores.

Se o próprio governo não entende isso, então teremos realmente que achar alguém que saiba colocar a minhoca no anzol, outro que tenha tato para tirar leite da vaca e assim por diante. Aliás, o Brasil vai caminhando para isso. E nós, brasileiros, ficamos assistindo. 

quinta-feira, 1 de março de 2012

Insistimos: o 8 de março é um dia de reflexão

Chá com sorteio de brindes! Exatamente isso. Foi o que conferimos na programação do Dia Internacional da Mulher, 8 de março, em alguns municípios do Norte do Paraná. Nada contra, o lazer e a diversão fazem parte. Mas chá com sorteio de brinde não seria o jeitinho brasileiro de promover um bingo?

A legislação brasileira ainda está aberta em relação à jogatina. Estamos falando da Lei da Contravenção Penal que gera polêmica inclusive entre os profissionais do direito. Haveria inclusive o entendimento de que a prática seria permitida, mediante autorização, desde que promovida por entidades ou igrejas e com os brindes tendo valores inexpressivos. Essa autorização levaria em conta o seguinte: o brinde não pode ser em dinheiro.

Isso, no entanto, não seria uma regra. Do ponto de vista de alguns juristas o bingo é contravenção penal com dinheiro ou com peças de artesanato. Lembramos que uma APAE do Norte Pioneiro do Paraná sofreu, anos atrás, grande prejuízo devido à ação policial durante um bingo. Os participantes, a maioria idosos, foram detidos. A promoção arrecadaria uma quantia irrisória: cerca de R$ 700,00. Em cada rodada o participante pagava pela cartela R$ 1,00.

As APAES cumpre papel de entidades assistenciais, além de acolherem os alunos com trabalho pedagógico e nos municípios maiores com atendimento clínico. Se valesse realmente a tese da permissão para entidades e igrejas, supõe-se que o bingo da APAE do Norte Pioneiro não sofreria a ação da polícia. Portanto...

Ainda assim há certa compreensão. É provável que por necessidade de recursos a entidade tenha encarado promover um bingo. Mas poder público organizar bingo para comemorar o Dia Internacional da Mulher? Isso é o cúmulo. Aliás, o Dia Internacional da Mulher não é para ser comemorado, como já defendemos neste blog. É uma data de luta, reflexão e mobilização.

Isto está claro: quando a Organização das Nações Unidas instituiu o 8 de março como Dia Internacional da Mulher, foi com o objetivo de oficializar uma campanha que corria o mundo por igualdade no trabalho, na política, no lar, na educação e em tudo mais.

Há versões que remetem o 8 de março ao incêndio de 1857 nos Estados Unidos numa indústria de tecelagem, onde a jornada de trabalho para homens e mulheres era extensa e as condições nas fábricas eram precárias em relação aos trabalhadores.

Mais de 120 mulheres morreram naquela incêndio. A fábrica teria cerca de 600 empregados, a maioria mulheres na faixa etária de 13 a 23 anos. Esse epsódio, de acordo com alguns estudiosos, não teria ocorrido no dia 8 de março. Mas o fato foi vinculado à data.

Por isso! O 8 de março é um dia de reflexão, luta e mobilização, até porque muito ainda tem que ser feito pelos trabalhadores brasileiros, sejam eles mulheres ou homens.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Poucas palavras e alguma expectativa...

Chazinho, jantar por adesão, sorteio de brindes, pão e circo. Pouco eventos já anunciados tratam o 8 de março, Dia Internacional da Mulher, como uma data de reflexão e luta. Infelizmente... 

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Não é uma comemoração, é um dia de luta

Vimos numa cidadezinha da região o anúncio de um evento para comemorar o Dia Internacional da Mulher, 8 de março. Sim, “comemorar”. E como? Com “um jantar delas”. Nada contra as programações festivas. Mas a data, é bom lembrar, foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) para homenagear aquelas mulheres que em 1857 foram queimadas vivas dentro de um fábrica em Nova York porque pediam melhores condições de trabalho.

Exatamente isso: homenagear as mulher e nunca comemorar alguma coisa. O 8 de março é um dia de luta, porque apesar dos avanços em vários segmentos muito ainda tem que ser feito.

A mulher brasileira hoje tem mais espaço na política e na vida empresarial. Isso numa avaliação macro. Nas esfera mais doméstica muitas mulheres assumiram os controles do orçamento doméstico.

Mas ainda assim há situações que exigem alavancas. A questão da violência, por exemplo, é pontual. A Leia Maria da Penha acabou com o silêncio que predominava em muitos lares, mas ainda persiste o medo, inclusive dos vizinhos, quando a brutalidade é visível no outro lado do muro.

Lembramos também que a Lei Maria da Penha não se refere apenas à violência contra a mulher. Trata da violência doméstica. O problema é que as ocorrências tendo as mulheres como vítimas são tantas que algumas pessoas vincula a Lei especificamente à mulher.

Então, cá para nós, vamos ponderar da seguinte forma: se houver um almoço ou um jantar de mulheres no 8 de março, que isso seja uma confraternização e, mais: uma oportunidade de conversar sobre a mulher na sociedade brasileira.

Que o dia seja de luta. Sem discursos. Políticos serão bem-vindos, desde que tragam embaixo dos braços bons projetos para a sociedade contemplando a todos: a mulher, pelo seu dia de luta, as crianças, os idosos, os homens, os adolescentes e tantos outros que se sentem excluídos dos jantares-dançantes que alguns oportunistas promovem para “comemorar o Dia Internacional da Mulher”.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

O que fizemos com as lutas do passado

Há exatos 121 anos, o Brasil teve a sua primeira Constituição Republicana. A promulgação ocorreu no dia 24 de fevereiro de 1891.

Há 28 anos o Brasil testemunhou uma das grandes manifestações democráticas do País na luta pelas eleições diretas. Foi em 24 de fevereiro de 1984 que um comício em Belo Horizonte, Minas Gerais, reuniu cerca de 250 mil pessoas.

Esta data é portanto muito significativa para a democracia brasileira. Mas fatalmente somos neste momento obrigados a uma reflexão: no que estes acontecimentos deram?
Ou, de uma maneira mais dura, perguntamos: por que permitimos que as lutas do passado fossem transformadas ao longo da história em uma bagunça?

Em 2012 temos um governo que já se viu obrigado a trocar nove ministros. Essas mudanças não ocorreram porque fulano decidiu sair da vida pública para se dedicar mais à família e aos seus negócios particulares. Foram, no mínimo, por suspeita de irregularidades com o uso do dinheiro público, este que nós, os brasileiros, depositamos nos cofres dos poderes municipais, estaduais e federal na forma de tributos.

Sim, repetimos o que temos dito insistentemente neste blog: dinheiro público é levantado pelo contribuinte e todos os brasileiros são contribuintes. Os impostos estão no pão que se compra, na caixa de fósforo, no leite, no transporte coletivo, no pedágio. Quem paga é o cidadão. Quem mantém o serviço ou vende o produto apenas repassa.

Além das ocorrência na esfera do executivo já eram normais as denúncias nos legislativos, das câmaras municipais ao Congresso Nacional. E agora o judiciário.

A que ponto chegamos? As notícias sobre o uso indevido do dinheiro público são estampadas diariamente nos jornais. Sensacionalismo da impresa? Nada disso. O que é fato não deve ser omitido.

São tantas notícias de escândalos na vida pública que corremos o risco de, em breve, lermos estas informações sem indignação, achando que isso é normal.

Temos, portanto, que nos cuidar. Sempre em respeito aos milhões de brasileiros que participaram dos comícios das diretas nos anos de 1980 e pintaram suas caras de verde e amarelo nas manifestações pelo impeachment de Collor.

Estamos passivos demais e isso é perigoso. Daqui a pouco decidem que é hora de acabar com a nossa democracia representativa porque não fazemos uso dela. E se descuidar isso passa sem que a gente perceba. É hora de abrir os olhos e o coração.

Os argentinos, comentados ironicamente por muitos brasileiros, paralisam o país com os panelaços e conseguem pressionar parlamentares e detentores do poder na esfera executiva. Nem latinha de manteiga a gente tem coragem de bater.  

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

É questão de consciência para a solidariedade

Não se sabe em que pé está o Projeto de Lei 326/11, do deputado federal Rubens Bueno, um paranaense. Ele propõe a obrigatoriedade ao recém-graduado das instituições públicas de educação superior mantidas pela União a prestar serviço profissional pelo prazo de pelo menos seus meses, sem remuneração salarial. Este serviço social, de acordo com o autor da proposta, seria prestado de acordo com a natureza da formação acadêmica, “com o objetivo de colocar à disposição da sociedade a preparação profissional do recém-graduado. Ele será requisito prévio para obter o título ou grau acadêmico, sem substituir o estágio profissional obrigatório”.
Rubens Bueno sustenta que o seu projeto representa uma alternativa à ideia de cobrar mensalidades dos alunos de graduação do ensino público. “É justo que os estudantes beneficiários da privilegiada experiência de estudar gratuitamente nas melhores instituições de educação superior ofereçam à sociedade, também de forma gratuita, os seus serviços profissionais, pelo menos durante o curto período de seis meses”, disse na época que entrou com o PL. Com base em 2007, o Ministério da Educação (MEC) informa que o custo anual de cada aluno de universidade federal foi R$ 15.118,04.
Há anos, durante uma formatura conjunta no Moringão, em Londrina, o representante do Conselho de Pastores fez um pronunciamento que deixou metade da platéia raivosa. A outra metade aplaudiu. O conteúdo foi o seguinte: quem tem o privilégio de frequentar uma faculdade pública deve ter consciência que o seu estudo está sendo pago por alguém que não é o governo. O custo é bancado pelo contribuinte brasileiro. E todos nós somos contribuintes, mesmo que isentos do Imposto de Renda.

O pão que compramos tem imposto embutido no preço. E assim é com a caixa de fósforo, o leite, o arroz. Ninguém tem o privilégio de dizer que não arrecada para o governo. Estando empregado ou desempregado, na ativa ou aposentado, somos contribuintes desde quando nascemos até a morte. Não é o médico ou o hospital que paga o tributo que ele é obrigado a recolher. O médico e o hospital repassam para o Fisco o que o paciente recolhe.

Então o discurso foi uma busca de conscientização e solidariedade: que pelo menos uma vez por mês o novo profissional dedicasse um dia para retribuir à sociedade o que ela bancou pelo seu estudo. Morador de favela não paga imposto? Ignorância extrema. Paga sim, inclusive quando consegue andar de ônibus; Idéia besta pensar que a empresa concessionária ou permissionária é que arrecada para o poder público. O que será dado ao Fisco está embutido no preço da passagem.

Assim dizemos que a proposta do deputado, se ainda está em pé, apenas institucionaliza algo que deveria partir de cada novo profissional. Um dia por mês seria o suficiente. Quantas consultas médicas poderiam ser feitas nas comunidades carentes do Brasil se todos assumissem esse compromisso.

O problema é que o deputado institucionaliza algo que deveria ser obrigação. E institucionaliza, como já vimos muitas vezes em repetidas cenas, acaba virando um antro de corrupção. A idéia é boa. Mas a conscientização é a melhor alternativa.

Vamos considerar ainda que, no Brasil, a classe média para cima tem mais acesso às universidades públicas. O ensino fundamental e médio públicos, infelizmente, deixam muitas chupando o dedo quando a disputa é por vagas nas faculdades. E quem melhor se preparou, pagando escola privada, tem mais chance de frequentar um curso superior gratuito. É a realidade. Então... consciência, gente! Consciência e solidariedade!

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Contribuinte banca lanche de primeira a juízes

Saiu na página A9, Nacional, de O Estado de S.Paulo: “TJ mineiro dá lanche ‘de primeira’ para juízes”. A linha fina esclarece: “Corte usa R$ 600 mil em iguarias como bacalhau ‘do Porto’, mas só para magistrados da capital”.

O texto, assinado pelo jornalista Marcelo Portela, diz: “Apesar de já receberem auxílio-alimentação, os magistrados de Belo Horizonte vão ganhar lanches custeados com verba pública. O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG) acaba de concluir licitação para gastar R$ 602,2 mil com mais de 120 toneladas de alimentos. E não é qualquer tipo de lanche. Entre os itens que serão adquiridos estão 100 quilos de filé de bacalhau ‘do tipo Porto’, 4 toneladas de peito de frango ‘sem osso’, dezenas de toneladas de frutas, 3,5 toneladas de queijos variados, 108 quilos de azeitonas ‘sem caroço’ e 850 quilos de peito de peru ‘de 1ª qualidade’, entre outros”.

O jornalista prossegue: “A especificação de 1ª qualidade’ se repete em outros produtos listados pelo edital, como os 150 quilos de manteiga e as 2 toneladas de presunto e queijo minas. Em outras guloseimas, o edital especifica o fabricante dos produtos que serão consumidos pelos magistrados, como as 5 toneladas de pão de queijo, os mais de 11 mil pacotes de biscoito e mais de 10 mil litros de leite, todos das marcas mais caras encontradas nos supermercados”.

A informação é tão oportuna ao brasileiro que vale transcrever outro trecho do texto de Marcelo Portela: “Em Minas, segundo o portal da transparência do TJ, o menor salário da magistratura é de R$ 20.677,83 para juiz de direito substituto – um desembargador recebe R$ 24.117,62. Desde o início do ano, os magistrados também recebem auxílio-alimentação mensal pago aos demais servidores do Judiciário (R$ 368)”.

E mais, só para levar a nossa indignação ao extremo e assim, na condição de cidadãos, lutarmos contra situações como a descrita: “Ao contrário dos demais servidores, porém, boa parte dos magistrados tem agenda oficial apenas na parte da tarde, horário em que ocorrem quase todas as sessões das câmaras do TJ e a maioria dos julgamentos nas varas do Fórum Lafayette. As exceções são os Juizados especiais e algumas varas, como as de família, que realizam audiências pela manhã. A assessoria do TJ afirmou que ‘de vez em quando’ os desembargadores participam de sessões antes do horário do almoço”.

Conclusão: calados vamos permitir que este tipo de abuso ocorra. Reforçamos que na democracia o nosso papel não termina no momento em que apertamos a tecla verde da urna eletrônica. Na verdade, naquele instante estamos praticamente iniciando uma nova etapa do processo democrático. O que vem depois é árduo, porém necessário: a fiscalização dos atos dos eleitos. Juízes não tem os nossos votos, mas como poder vinculado ao Estado como um todo são pagos com o nosso dinheiro.


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Brincar de falsa grávida ou de astronauta brasileiro

Menos pierrôs e colombinas devem lotar os salões carnavalescos na terça-feira, dia 21 de fevereiro. O brasileiro é criativo e devem aparecer muitas Dilmas e Lulas, agora sem cabelos. E quem se lembraria de se fantasiar de Negromonte? Com passagem rápida pelo primeiro escalão do Governo Federal, este cara, que já era sumido, agora não se sabe onde ele está. Fantasiar-se de Negromonte, portanto, é roubada. Aliás, em todos os sentido.

No caso paranaense qual personalidade política poderia inspirar um fantasia diferente? Esqueçam o governador Beto Richa. A confecção fica cara, pois junto teríamos que providenciar uma fantasia do governador do Norte do Paraná e outra do chefe de gabinete.

O prefeito Barbosa Neto dá fantasia? Olha, este cara é esperto. Apanha de todo lado mas sempre sai bem. E o pouco que ele faz infelizmente aparece muito, porque em oito anos o anterior praticamente se instalou no gabinete e dormiu. Descartemos.

Qual outro político dá um bom tema? O Paraná está precário em personalidade política. Esta opção deve ser descartada agora para não dar trabalho depois, na véspera da folia. Um leitor de Cambé escreveu na coluna de cartas da Folha de Londrina que o carnaval deveria ser antecipado para janeiro, de forma a acontecer junto com as comemorações do Ano Novo. Este é fácil de inspirar uma fantasia: dois orelhões e um rabo bastam.

Para para não mexer muito com as nossas coisas vamos seguir a tendência dos foliões de São Paulo. Lá a procura por falsa barriga é imensa. Tudo por causa da falsa grávida de quadrigêmeos de Taubaté. Baita criatividade brasileira! Até na crise mundial os foliões conseguem fazer a gente ficar admirado com o improviso.

Outro modelo interessante de fantasia, inspirado em personagem lá de fora, é o astronauta brasileiro. A confecção é muito complicada, pois ele foi para o espaço, voltou, se aposentou, virou palestrante para aumentar a renda e agora quer ensinar outros brasileiros que pretendem ser astrounautas. E a pergunta: ensinar o que? A ser oportunista? O problema é como transformar isso numa fantasia...

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O que os ilustres pensam sobre o amor

Sócrates, o filósofo, manifestou-se certa vez desaforadamente em relação ao amor e à mulher. Ou em relação somente à mulher. Ou não? A queixa do pensador poderia ser com o amor. Vejam: “Deve-se temer mais o amor de uma mulher, do que o ódio de um homem”. Esta frase, dita nos dias de hoje, com certeza causaria muita polêmica.

O brasileiro Machado de Assis também eternizou algo sobre o amor num posicionamento que envolve ainda a fé, a religião e o casamento. É um pensamento coerente, mas também pode motivar contrariedades: “Deus, para a felicidade do homem, inventou a fé e o amor. O diabo, invejoso, fez o homem confundir fé com religião e amor com casamento”. Os dois casos são reais em determinadas circunstâncias.

Leonardo da Vinci era mais apaixonado e disse: “As mais lindas palavras de amor são ditas no silêncio de um olhar”. Quem já passou pela idade do namoro, do noivado e dos primeiros anos de união conjugal que o diga. Porque é comum, depois da primavera, o outono chegar com carranca de inverno. E quando isso acontece não há olhar que transmita carinho.

Pitágoras foi mais conselheiro: “Purifica o teu coração antes de permitires que o amor entre nele, pois até o mel mais doce azeda num recipiente sujo”. Verdade! Quantos fogos da paixão se apagam sem deixar lenha para o amor? Muitos.

Tudo isso porque em alguns países o dia 14 de fevereiro é o Valentine’s Day, uma espécie de dia dos namorados ou da união com amor. O fundamento histórico é mais ou menos assim: o imperador romano Cláudio II proibiu o casamento porque acredita que os jovens, solteiros, se alistariam no seu exército.

Mas Valentin, um bispo, desrespeitava o imperador e casava quem o procurasse. Pela desobediência ele foi preso e decapitado no dia 14 de fevereiro do ano de 270. Assim vamos usar da imaginação e apagar alguns pensamentos do início do texto.

O de Sócrates é flagrantemente cético, então passemos a borracha nele. O de Pitágoras é uma recomendação valiosa, mas em amor, às vezes, o risco de azedar o risco compensa. Leonardo da Vinci está exageradamente apaixonado. Vamos apagá-lo.

Ficamos com Machado de Assis: fé e religião às vezes não andam juntas; amor e casamento nem sempre dão ingredientes para o mesmo bolo.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Sai notícia ruim porque só há notícia ruim

Vamos conferir algumas chamadas de capa com base na edição desta segunda-feira, dia 13 de fevereiro de 2012, do jornal O Estado de S.Paulo:

“Convênios do PAC contratam secretárias”. O texto da chamada diz: “Convênios firmados para melhorar a gestão e dar ritmo às obras do PAC estão servindo para inchar a máquina do governo com pessoal administrativo terceirizado. Em vez de cumprir tarefas técnicas, as parcerias são usadas para abrigar secretárias e assessores de parlamentares junto à Secretaria de Portos da Presidência e do Dnit”.  Cabe lembrar e insistir frequentemente sobre isso: quem elege os parlamentares somos nós, pois a  nossa democracia é representativa.

“Falha no sistema do bilhete único permite fraude”. O texto da chamada diz: “O bilhete único de São Paulo tem uma falha de segurança que permite fraudá-lo em apenas 5 segundos, informam os repórteres Rodrigo Brancatelli e Bruno Ribeiro. A brecha foi descoberta por uma empresa particular, que encaminhou os dados para a SPTrans”. A maracutaia parece render bom dinheiro para os fraudadores, provavelmente uma quadrilha que se especializou nisso. Aqui, por enquanto, a única irregularidade é da venda de créditos na porta do ônibus ou na roleta do terminal. O sujeito se aproveita das vantagens do vale transporte e empresta o cartão, que é devolvido pela janela do ônibus ou para o outro lado da bilhetagem do terminal. E tem muita gente fazendo isso, inclusive alguns “profissionais”.

“Salvador tem fevereiro mais violento”. O texto da chamada diz: “Mesmo com o fim da greve da Polícia Militar, 13 pessoas foram assassinadas ontem na região metropolitana de Salvador. O montante de casos já faz de fevereiro de 2012 o mais violento da história”. Durante a guerra, muitos populares se aproveitaram da onda de violência e participaram dos saques em lojas. Em outra palavras, algumas pessoas de bem, que são vítimas da violência em seus cotidianos, engrossaram a filha dos malfeitores.

Querem mais? Abram o jornal e prossigam. Mas não são os jornais que só publicam notícias ruins. É que as notícias ruins são tantas que faltam espaços para mos bons acontecimentos. 

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

O mínimo do Dieese e a economia nacional

Levantamento cujo resultado é divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudo Socioeconômicos (Dieese) mostra que o salário mínimo do brasileiro teria que ser, hoje de R$ 2.398,82. Isso é quase quatro vezes mais do que o que está em vigor, de R$ 622,00.

Poderíamos dizer que embora o levantamento do Dieese seja feito com bases sólidas, o valor não passe de uma utopia. Seria uma maneira sacana de subestimar estudos sérios jogando a culpa no risco da inflação.
No entanto, a lei diz que o salário mínimo deve ser em valor que atenda às necessidades vitais da pessoa. Isso inclui habitação, alimentação, saúde, lazer, vestuário, educação, higiene e transporte. É nisso que o estudo do Dieese se baseia, tomando como ponto de alicerce central o cálculo mensal da cesta básica.

Assim sendo não há utopia no valor calculado pelo Dieese. Como também não há erro na lei. O errado é como o Estado brasileiro interpreta e pratica as suas próprias leis.

Claro, se não houvesse uma defasagem histórica entre o valor que é praticado e o valor justo e correto, haveria possibilidade de um ajustamento a longo prazo.

Porém a sexta economia do mundo não tem caixa para aguentar um salário mínimo justo. E os economistas, infelizmente, são obrigados a analisar a questão de um jeito discriminatório: imagina se esse pessoal que recebe um salário mínimo tem o valor corrigido? A inflação vai lá para cima em dias, porque vai se gastar muito mais em churrasco, cerveja, CD de sertanejo universitário, pagode e outras regalias.

O problema é que essa previsão dos economistas está correta. E é nisso que o Estado brasileiro se baseia: se melhorar um pouco para o pessoal da faixa do salário mínimo, é preciso compensar com um arrocho na faixa dos que ganham um pouco mais.

Infelizmente a economia é uma ciência complexa. Bons governos tem bons economistas. Não sabemos se temos isso.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Cordel pede o bom senso na televisão

Com todo o respeito as pessoas que gostam de assistir o BBB da Globo e mesmo no esforço de não interferir nas preferenciais individuais, transcrevemos nesta postagem o cordel de Antonio Barreto, um baiano de Santa Bárbara. Ele é graduado em letras vernáculas e tem pós-graduação em psicopedagogia e literatura Brasileira. Antonio Barreto é músico regionalista e escritor com livros publicados. Lembramos que este cordel corre o Brasil através de e-mails e o texto foi transcrito de uma das mensagens enviadas a este blog.

Curtir o Pedro Bial / E sentir tanta alegria / É sinal de que você / O mau-gosto aprecia / Dá valor ao que é banal / É preguiçoso mental /
E adora baixaria.

Há muito tempo não vejo / Um programa tão 'fuleiro' / Produzido pela Globo / Visando Ibope e dinheiro / Que além de alienar / Vai por certo atrofiar / A mente do brasileiro.

Me refiro ao brasileiro / Que está em formação / E precisa evoluir / Através da Educação / Mas se torna um refém / Iletrado, 'zé-ninguém' / Um escravo da ilusão.

Em frente à televisão / Longe da realidade / Onde a bobagem fervilha / Não sabendo essa gente / Desprovida e inocente / Desta enorme 'armadilha'.

Cuidado, Pedro Bial / Chega de esculhambação / Respeite o trabalhador / Dessa sofrida Nação / Deixe de chamar de heróis /
Essas girls e esses boys Que têm cara de bundão.

O seu pai e a sua mãe, / Querido Pedro Bial, / São verdadeiros heróis / E merecem nosso aval / Pois tiveram que lutar / Pra manter e te educar / Com esforço especial.

Muitos já se sentem mal / Com seu discurso vazio. / Pessoas inteligentes / Se enchem de calafrio / Porque quando você fala / A sua palavra é bala / A ferir o nosso brio.

Um país como Brasil / Carente de educação / Precisa de gente grande / Para dar boa lição / Mas você na rede Globo / Faz esse papel de bobo / Enganando a Nação.

Respeite, Pedro Bial / Nosso povo brasileiro / Que acorda de madrugada / E trabalha o dia inteiro / Da muito duro, anda rouco / Paga impostos, ganha pouco: / Povo HERÓI, povo guerreiro.

Enquanto a sociedade / Neste momento atual / Se preocupa com a crise / Econômica e social

Você precisa entender / Que queremos aprender / Algo sério - não banal.

Esse programa da Globo / Vem nos mostrar sem engano / Que tudo que ali ocorre / Parece um zoológico humano / Onde impera a esperteza / A malandragem, a baixeza: / Um cenário sub-humano.

A moral e a inteligência / Não são mais valorizadas. / Os "heróis" protagonizam / Um mundo de palhaçadas / Sem critério e sem ética / Em que vaidade e estética / São muito mais que louvadas.

Não se vê força poética / Nem projeto educativo. / Um mar de vulgaridade / Já tornou-se imperativo. / O que se vê realmente / É um programa deprimente / Sem nenhum objetivo.

Talvez haja objetivo / "professor", Pedro Bial / O que vocês tão querendo / É injetar o banal / Deseducando o Brasil / Nesse Big Brother vil / De lavagem cerebral.

Isso é um desserviço / Mal exemplo à juventude / Que precisa de esperança / Educação e atitude / Porém a mediocridade / Unida à banalidade / Faz com que ninguém estude.

É grande o constrangimento / De pessoas confinadas / Num espaço luxuoso / Curtindo todas baladas: / Corpos "belos" na piscina / A gastar adrenalina: / Nesse mar de palhaçadas.

Se a intenção da Globo / É de nos "emburrecer" / Deixando o povo demente / Refém do seu poder: / Pois saiba que a exceção / (Amantes da educação) / Vai contestar a valer.

A você, Pedro Bial / Um mercador da ilusão / Junto a poderosa Globo / Que conduz nossa Nação / Eu lhe peço esse favor: / Reflita no seu labor / E escute seu coração.

E vocês caros irmãos / Que estão nessa cegueira / Não façam mais ligações / Apoiando essa besteira. / Não deem sua grana à Globo / Isso é papel de bobo: / Fujam dessa baboseira.

E quando chegar ao fim / Desse Big Brother vil /Que em nada contribui / Para o povo varonil / Ninguém vai sentir saudade: / Quem lucra é a sociedade / Do nosso querido Brasil.

E saiba, caro leitor / Que nós somos os culpados

Porque sai do nosso bolso / Esses milhões desejados / Que são ligações diárias / Bastante desnecessárias / Pra esses desocupados.

A loja do BBB / Vendendo só porcaria / Enganando muita gente / Que logo se contagia / Com tanta futilidade / Um mar de vulgaridade / Que nunca terá valia.

Chega de vulgaridade / E apelo sexual. / Não somos só futebol, / baixaria e carnaval. / Queremos Educação / E também evolução / No mundo espiritual.

Cadê a cidadania / Dos nossos educadores / Dos alunos, dos políticos / Poetas, trabalhadores? / Seremos sempre enganados / e vamos ficar calados / diante de enganadores?

Barreto termina assim / Alertando ao Bial: / Reveja logo esse equívoco / Reaja à força do mal. / Eleve o seu coração / Tomando uma decisão / Ou então: siga, animal.”

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Aposentadoria não é benefício, é direito!

A aposentadoria pelo INSS é mais do que a negação de um direito básico do trabalhador. Por culpa de um péssimo gerenciamento do sistema pelo governo, aquilo que é pago mensalmente ao aposentado virou uma espécie de esmola. Aqui corrigimos um erro de colocação: quando dissemos “aquilo que é pago”, na verdade o correto seria dizer “aquilo que é devolvido”.

Embora a possibilidade de revisão possa contemplar um bom número de aposentados brasileiros, com o pagamento inclusive retroativo de período a que eles tinham direito a um determinado valor e deixaram de receber, as perdas ainda assim são gritantes.

Vimos na postagem anterior que nos últimas 14 anos os aposentadores tiveram os seus ganhos defasados em cerca de 80%. Quem no início desse período se aposentou com o equivalente a dez salários mínimos hoje amarga uma renda na média de três e meio salários mínimos.

Mas a defasagem é apenas um problemas. O Estado não funciona. Às vezes por má vontade das pessoas que trabalham para o Estado. Na maioria das vezes porque o Estado age contra os interesses dos contribuintes informando mal e esclarecendo somente quando é exaustivamente cobrado.

Por culpa disso muitos trabalhadores recorrem a advogados especializados quando chegam à aposentadoria. A esperança é de terem os seus processos agilizados e melhorados. A idéia é de que um profissional contratado encontre brechas para melhorar o valor da aposentadoria.

Isso custo caro. Normalmente um profissional retém em troca do serviço os três primeiros pagamentos. E se houver valores acumulados a serem ressarcidos – normalmente ocorre q        uando o profissional recorre à justiça e o futuro aposentado tem direito ao benefício a partir da data em que o mesmo foi solicitado – o profissional fica com 20 por cento desse retroativo.

A verdade é inquestionável. Se o trabalhador chegou à idade limite para a aposentadoria ou completou o tempo de serviço, a aposentadoria é um direito. Ele não teria que recorrer a um profissional. Além disso, sabemos que através do agendamento telefônico e desde que a documentação esteja de acordo, a aposentadoria sai com a mesma rapidez para quem recorreu a um profissional e para quem providenciou pessoalmente o seu processo.

Mas o sistema, com a sua proposital preguiça, principalmente de apresentar aos aposentados as possibilidades cabíveis, criou um monstro que devora o dinheiro do trabalhador desde o seu primeiro registro em carteira até a concessão do benefício. E aqui finalizamos com mais uma correção. Dissemos por algumas vezes neste texto que é um benefício. Mentira! É um direito do trabalhador.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Aposentadoria - O grito forte do resto da sociedade

As perdas acumuladas dos aposentados do INSS que ganham acima de um salário mínimo chegam a quase 80% nos últimos 18 anos. E embora se solidifique a possibilidade de melhora com as anunciadas revisões, ainda assim há largo espaço de sobra para somar voz aos movimentos mais radicais contra esta grave injustiça e fortalecer que os aposentados e pensionistas da iniciativa privada, no Brasil, constituem uma faixa da população caracterizada pelo governo e pelos políticos como resto.

Um portal na internet mostra o caso de um trabalhador que se aposentou anos atrás com 8,5 salários mínimos. Em 1994 o valor caiu para o equivalente a 7,3 salários mínimos. Neste início de 2012 a sua aposentadoria caiu para 3,65 salários mínimos. Se este trabalhador não tiver direito à revisão e pouco espaço de tempo a sua aposentadoria estará equivalente a de quem recebe um salário mínimo por mês, pois estes tem recebido reajuste anual com base na inflação.

No dia 29 de janeiro a Confederação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas (Cobap), junto com outras entidades, organizou uma grande manifestação em Aparecida, no Estado de São Paulo, onde  Carta dos Aposentados, Pensionistas e Idosos foi distribuída e também lida durante celebração de missa no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida.

Na postagem de hoje transcrevemos a carta na íntegra. Na sequência vamos debater este assunto até a exaustão. O título da carta é Fraternidade e saúde pública – Que a saúde se difunda sobre a terra!” A íntegra do documento:

“Reunidos mais uma vez em Aparecida/SP, para pedir as benções da Padroeira Nossa Senhora Aparecida, os aposentados, pensionistas e idosos do país, sob a liderança da Confederação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas (COBAP), Federações, FST, CSP Conlutas, Nova Central, CUT, SINDNAPI, UGT, CTB e CGTB, vêm referendar o lema da Campanha da Fraternidade 2012 de que a saúde se difunda sobre a terra.
Saúde física e mental que se debilita com o passar dos anos e, por isso, exige cuidados especiais na velhice. Saúde que se transforma com a mudança do perfil demográfico da população, cada vez mais idosa, necessitando nova abordagem, prioridades e procedimentos específicos. Saúde que vai muito além do biológico e individual, abrangendo também aspectos como o ambiente físico em que vivemos, os serviços sociais e de saúde colocados à disposição e determinantes econômicas, comportamentais, sociais e pessoais, dentre outras.


Para o envelhecimento ativo e saudável são essenciais rendimentos dignos e condizentes com o padrão alcançado na maturidade. Infelizmente, esta não tem sido a regra na Previdência Social pública, que priva milhões de aposentados da justa remuneração, paritária com as contribuições realizadas por décadas para o sistema, conforme determina a Constituição federal e as leis.


O descumprimento desses preceitos, embora dissimulado pela falácia de falta de recursos públicos, ocorre única e exclusivamente por falta de respeito ao cidadão e de justiça neste país. A Seguridade nunca foi deficitária e Governo sabe bem disso.


Reivindicamos o fim dos desvios dos recursos próprios da Seguridade Social, por meio das “Desvinculações de Receitas da União” (DRU) ou de nefastas reformas tributárias.


Protestamos e exigimos o fim da transformação da saúde e da dignidade do povo brasileiro em negócios e negociatas, nos quais o elemento principal a ser considerado é sempre o lucro de grupos econômicos e financeiros, relegando à última instância as carências e direitos da população.


Elevamos as bandeiras aprovadas no XX Congresso da COBAP, realizado em novembro de 2011: reajuste para aposentadorias e pensões nos mesmos percentuais concedidos ao Salário Mínimo; recuperação das perdas das aposentadorias e pensões com base no Projeto de Lei nº 4434/08; reativação do Conselho Nacional de Seguridade Social, com efetiva gestão quadripartite; cumprimento integral da Política Nacional do Idoso (Lei nº 8842/1994) e do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003); facilitar a concessão do Benefício de Prestação Continuada elevando o critério de um quarto para meio Salário Mínimo; consolidar o SUS, a Previdência e a Assistência Social; fim do voto secreto e do voto de liderança em todas as votações no Congresso Nacional.


Assim, reafirmamos os compromissos de todas as entidades signatárias e suas filiadas pela garantia e ampliação dos direitos dos aposentados, pensionistas e idosos, articulada com o povo e os movimentos sociais que buscam construir uma sociedade justa e solidária, baseada na defesa e promoção da vida.

Santuário Nacional Nossa Senhora Aparecida / SP, 29 de janeiro de 2012.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Há quem pense que a lei só vale para os outros

Um exemplo besta, mas tão válido quanto outro de conteúdo muito nobre: se o uso de fio dental está proibido por lei no Brasil, a proibição vale para qualquer lugar: no campus da Universidade de São Paulo, na festa rural de Jaguapitã e no show da aposentadoria de Rita Lee.

Passamos recentemente por Jaguapitã num final de tarde de domingo. Ocorria em certo ponto da cidade uma espécie de rodeio. Ou coisa parecida. Trafegavam nas proximidades carros com som em volume elevado, conduzidos por pessoas com latas de cerveja nas mãos. A polícia estava por lá, enfileirada na beira da rodovia. Mas nada fazia. Pelo visto era uma festa da cidade e tudo era válido: som acima do estabelecido pelo Código de Trânsito e bebida ao volante.

Entre a festa de Jaguapitã, no Norte do Paraná, e o campus da Universidade de São Paulo há muitas léguas. Não só geograficamente, mas culturalmente. Lá um grupo de estudantes tentou politizar uma briga contra a Polícia Militar por causa da repressão ao consumo de drogas no local. Drogas proibidas por lei, cuja proibição valem para o campus da casa do saber, o rodeio de Jaguapitã e a festa de despedida de Rita Lee.

É verdade. As imagens na TV geraram interpretações: por que a polícia foi revistar pessoas do público bem na frente do palco da Rita Lee? Não que fosse proibido agir com um pelotão inteiro naquele local, mas parecem a escolha de onde agir foi propositalmente provocadora.

Mas podia. E se tivesse alguém fumando maconha em cima do palco a polícia podia subir e cumprir o seu papel lá. É lei que vale para todo mundo. O grupo de estudantes da USP desconhece isso. Acha que a lei é para os outros. O pessoal do rodeio de Jaguapitã, inclusive a Polícia Militar desconhece que a lei vale para todos. 

E a Rita Lee pensou, por acaso, que o seu show de despedida ocorria num recinto fechado?
O espaço era pago, mas aberto ao público. O show não acontecia na mansão de algum patrocinador, com a presença de convidados especiais. E mesmo dentro da mansão, se houvesse conhecimento da polícia, o consumo de drogas proibidas exigiria ação.

Temos pessoas que ainda pensam que as leis só valem para os outros...