segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Porque só a notícia ruim mobiliza os meios

Há questões que só ganham espaço/tempo nos meios de comunicação diante de acontecimentos trágicos. Isso é resultado da busca diária de notícias que são construídas a partir de fatos que mexem com a população. Não interessa a estes meios notícias frias e nem mornas. E não interessa a elas descobrir coisas quentes que viram boas notícias se trabalhadas com inteligência. Por isso, só é notícia o que é ruim: corrupção, homicídio, assaltos, escândalos, miséria extrema, fome insustentável, podridão fedorenta.

Às vezes a sede de altos valores de patrocínios e a busca cotidiana de sensacionalismo fazem alguns destes meios virarem de lado. Como também funciona a lei da necessidade básica: se uma equipe de ginástica conquista três medalhas nos Jogos Panamericanos não há como não dar a notícia. Fica chato omitir esta informação. Mas se um atleta sem patrocínio do poder público de uma modalidade menos da moda vence um torneio internacional ele terá muita dificuldade de aparecer, por ser desconhecido, desprezado pelas mídias e não ter apoio de grandes empresas. Faz parte do jogo de interesse dos meios de comunicação.

Outras vezes ocorre de uma equipe de redação ser fechada. Seus integrantes trabalham só por suas ideologias. Inimigo não tem vez. Quem não é da turma fica de fora. E faz-se um jornalismo miúdo de conteúdo, porque entra um artista de pouca expressão que é conhecido de fulano, mas desconsidera-se o outro, da mesma envergadura, por este não ser enturmado.

Já tratamos neste blog, superficialmente, do forte grau de pressão que os professores enfrentam nas salas de aula como resultado da violência. E se não há segurança na escola a culpa é do Estado, que é responsabilidade daqueles que elegemos. Município, Unidade da Federação e Nação devem segurança aos professores, da mesma forma que dão as costas à toda a população. E se não dão segurança nem aos professores, onde o cidadão comum encontrará força para cobrar o que o Estado deve a ele?

O Estado de S.Paulo traz na edição deste domingo, dia 30 de outubro, quase duas páginas sobre o assunto. O título da matéria principal, na página A24, é “Violência contra docentes deixa marcas”.

Numa matéria de apoio, com o título “Impunidade magoa as vítimas de agressão”, há o depoimento de uma diretora. Maria Aparecida de Fátima, 55 anos, foi atingida por um pontapé desferido por um aluno de 15 anos que também a agrediu verbalmente. Ele teria dito, segundo a reportagem: “Vou te matar, sua vagabunda”.

O fato aconteceu em Contagem, no Estado de Minas Gerais. O aluno de 15 anos agrediu verbal e fisicamente a diretoria porque ela determinou a ele que entrasse na sala para assistir a aula.

Na página seguinte a reportagem prossegue com o título “Ameaças levam professor ao esgotamento”. Consta o depoimento de uma especialista que dicidiu abrir para a consulta gratuita o atendimento de uma professora vitima de agressão na escola. Vieram oito em seguida quando souberam do atendimento gratuito e, segundo a especialista, na metade foi diagnosticada síndrome do estresse pós-traumático.

Sabemos de ocorrências em Londrina. Raramente um jornal impresso, uma emissora de TV ou de rádio abordam o assunto. A abordagem serviria pelo menos para alertar a sociedade sobre esse tipo de acontecimento. E seria uma cobrança direta aos responsáveis. Com certeza haverá manchete quando surgir um caso extremo. Ou seja, quando alguém sofrer agressão os jornais correrão atrás da história como abutres voam sobre os restos.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

É com o nosso dinheiro que ajeitam a minoria

 Vai chover empregos e oportunidades que encherão os nossos guarda-chuvas de abas invertidas com muito dinheiro e prosperidade. Isso se a Dilma endurecer o jogo com a Fifa e a CBA. Será?

Bem que poderia ser. Por enquanto a Copa de 2014 não passa de uma reuniãozinha de grupo fechado, mas bancada com dinheiro de cada brasileiro. Somos cerca de 190 milhões de pessoas e os impostos que nos são cobrados erguem estádios, constroem rodovias de primeiro mundo e trazem tecnologia avançada para os locais que sediarão jogos.

E se não fosse a copa de 2014 as estradas, mesmo que pedagiadas, continuariam com a cara de vias de bate e volta do terceiro mundo. Os estádios permaneceriam oferecendo risco de desabamento de arquibancadas.

A Dilma levantando a bola mudaria aguma coisa? Somente causaria alterações nos egos de uns e outros. Na verdade, um país em desenvolvimento que ainda tem dificuldades para eliminar diferenças sociais com políticas certeiras não deveria pretender ser sede de um evento de tamanho porte e custo inimaginável para nós, que somos cidadãos contribuintes.

Algumas pessoas são ranzinzas. Acusam os que criticam a politicagem do futebol internacional de não gostarem do esporte. Este é um tipo de equívoco oportunista de quem não tem argumento.

Ninguém é contra o futebol, mas mesmo entre os torcedores fanáticos haverá aqueles que condenam a cartolagem e as sacanagens que dela emana.

É um fato: nas diretorias dos clubes, nas federações, confederações e organizações internacionais, como a Fifa, podem surgir pessoas contaminadas e acostumadas em mandos e desmandos.

E a Dilma, como presidente de um país, precisa falar grosso para acabar com as palhaçadas dos cartolas. Temos visto que a imprensa exige isso. Até um escritor estrangeiro que escreveu sobre o esporte fez uma espécie de cobrança: a Dilma precisa calçar chuteiras, vestir uma camisa com número nas costas e propaganda nos seios, ajeitar o elástico do calção e partir para o ataque. Ou a defesa?

Nada disso. Dilma precisa é estancar a sangria. Fechar a torneira que financia as obras esportivas e a infraestrutura que vai enriquecer meia dúzia e empobrecer, com uma dívida doida, a maioria da população brasileira. Além disso, nem time de futebol a CBF tem. O que existe agora é um combinadinho para fazer de conta. É mentira?

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

É preciso ter governo para reduzir desigualdades

Os vinte por cento mais ricos do mundo são donos de setenta e sete por cento de toda a renda do planeta. E sabem de quanto é a renda dos vinte por cento mais pobres do mundo? Apenas um por cento e meio. Vamos trabalhar a diferença entre um grupo e outro: 77 menos 1,5 é igual a 75,5 por cento. Desnecessário era fazer a conta, pois o comparativo mais acessível está na análise feita de cabeça e que é real: os mais ricos do Planeta, que são poucos, são donos de quase tudo.

Essa desproporção é mostrada pelo Fundo da População das Nações Unidas em seu relatório Pessoas e Possibilidades, divulgado na quarta-feira, dia 26 de outubro de 2011. O documento chega ao público às vésperas do Planeta chegar aos sete bilhões de habitantes.

Outro dado mostrado no relatório é sobre o ser humano e a poluição. Sete por cento da população do mundo (cerca de 500 mil pessoas mais ricas) são responsáveis por cinqüenta por cento da emissão de dióxido de carbono por causa do excesso de consumo. Já os mais pobres são responsáveis por apenas sete por cento de emissão do dióxido de carbono.

O relatório recomenda o combate urgente da desigualdade numa ação sem fronteiras. Cada país deve combater a sua desigualdade e também participar de políticas internacionais que visem reduzir as desigualdades internacionais.

O Brasil, especificamente, ainda está na idade dos benefícios sociais para combater a extrema pobreza. Embora o Governo Federal, sobretudo na era lulista, costume discursar que hoje o pobre pode fazer um churrasquinho, comprar mais cervejas, fazer compras nas lojas de departamentos e visitar os supermercados com mais freqüência, os benefícios são na concepção dos programas que os sustentam e principalmente nos valores concedidos apenas amenizadores.

Por isso trouxeram em seus rastros uma indústria ilegal e imoral. Conhecemos casos de pessoas que deixaram o emprego porque com o trabalho registrado em carteira a renda familiar ultrapassava o teto para a concessão. O Benefício da Prestação Continuada, por exemplo, é encaminhado por entidades ou por órgãos do poder público. Nesses locais são feitas as triagens e os diagnósticos sócio-assistenciais. Às vezes o encaminhamento é indeferido porque a renda ultrapassa o limite. Mas há quem recorra a profissionais especializados que cobram até três parcelas do benefício como pagamento pelo serviço. E encontram um meio de fazer o processo ser aprovado.

O Brasil também é o pais do sistema de cotas. O Brasil, enfim, cria meios para reforçar as ações de pessoas oportunistas. Além do mais, programas de emergência não podem ser relacionadas como políticas de combate à pobreza e de redução da distância entre os desiguais. Benefícios e cotas apenas tapam as evidências mais latentes.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Números são necessários para subsidiar programas

Dados divulgados pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo na terça-feira, dia 25 de outubro de 2011, trazem números alarmantes sobre a agressão de mulheres naquele Estado. De acordo com reportagem sobre o tema publicada no jornal o Estado de S.Paulo, edição de 26 de outubro de 2011, página C1, “oito mulheres são agredidas por hora em São Paulo e registram boletim de ocorrência de lesão corporal nas delegacias do Estado”.

A reportagem acrescenta que nos últimos nove meses 5.844 mulheres foram agredidas e desse total 62% dos casos ocorreram fora da capital. A divulgação destes dados é em cumprimento à Lei Estadual 14.545, aprovada pela Assembléia Legislativa e sancionada pelo Governo de São Paulo no dia 14 de setembro deste ano. Desta forma, São Paulo a passa a dispor de informações exatas sobre os tipos de ocorrências que chegam às delegacias de polícia.

Em relação à violência contra a mulher, a indisponibilidade de dados torna-se aliado de sua prática. Tem-se a considerar que, provavelmente, o número de casos seja muito superior ao dos registros em boletim de ocorrência, pois muitas das vítimas ainda se sentem inseguras de denunciar seus agressores.

Mas só aqui, com a divulgação, já há um importante avanço: estas que se calam fortalecerão que não são casos isolados, que se acontece com elas pode estar acontecendo em outros locais e com outras mulheres.

Mais importante que isso, porém, é o fato dos números possibilitarem políticas públicas e ações de entidades em focos que podem ser desconhecidos quando a estatística não existe. Leis como a aprovada no Estado de São Paulo devem, portanto, serem copiadas em outras unidades da Federação.

Em relação aos deputados estaduais paranaenses, cabe, portanto, o puxão de orelhas bem dado para que dispensem parte de seus tempos às causas que afligem a sociedade, uma vez que pelos balanços que se apresentam eles apenas se brigam entre si visando as próximas eleições. 

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Poesia em mensagem de consciência e despertar

Há poetas, poetisas e rabiscadores. Nem tudo o que fazem é uma obra prima. Mas há produções que se sobressaem na época do lançamento e se eternizam. Como “Canção Amiga”, uma criação do grande Carlos Drummond de Andrade:

“Eu preparo uma canção / em que minha mãe se reconheça / todas as mães se reconheçam / e que fale como dois olhos / Caminho por uma rua / que passa em muito países / Se não me vêem, eu vejo / e saúdo velhos amigos / Eu distribuo um segredo / como quem ama ou sorri / No jeito mais natural / dois carinhos se procuram / Minha vida, nossas vidas / formam um só diamante / aprendi novas palavras / e tornei outras mais belas / Eu preparo uma canção / que faça acordar os homens / e adormecer as crianças”.

Carlos Drummond de Andrade é um mineiro de Itabira, onde nasceu no dia 31 de outubro de 1902. Entre 1988 e 1990, a reprodução do rosto deste poeta estampou as nota de cinqüenta cruzados novos.

Quando criou o poema “Canção Amiga”, a intenção do autor era aquela expressa nas três últimas linhas, que por ter força e beleza vamos repetir com a certeza de que não há exagero: “...eu preparo uma canção / que faça acordar os homens / e adormecer as crianças...”

Outro trecho que destacamos é o de abertura. Vejam que nele o poeta invoca a presença das mães na interpretação da sua mensagem. Algo como uma interatividade, do tipo: quero que vocês, mães, entendam: “...eu preparo uma canção / em que minha mãe se reconheça / todas as mães se reconheçam...”

E quando Drummond diz, “...e que fale como dois olhos...”, ele se refere a mensagem de quem enxerga e transmite por versos, com a pretensão de inserir a pessoa que lê o seu poema naquilo que ele quer tanto que elas entendam.

“Canção Amiga” ganhou versão musical em 1978, pelo cantor e compositor também mineiro Milton Nascimento. Não é um poema que fala de amor, coração partido, dor do coração, batida do cotovelo na quina da mesa e outros desamores. É um poema que fala da vida como algo precioso que deve ser cotidianamente cultivado.

“Canção Amiga” é o que este blog oferece hoje a seus leitores, porque a arte é uma forma de nos enriquecer com sentimentos que serão importantes para as nossas batalhas diárias em defesa do nosso pão de cada dia, em casa, e por nossos direitos e a manutenção das nossas conquistas, quando partilhamos com a nossa comunidade as nossas tarefas pelo bem de todos.

É a nossa homenagem por este 25 de outubro, Dia Internacional Contra a Exploração da Mulher.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Passivos vamos permitir que eles nos tripudiem

Teríamos que ter a Lei da Ficha Limpa se os políticos fossem isentos de acusações de desvios? A transparência, em vez de lei, não devia ser uma prática corriqueira do poder público? Sim e sim. O problema é que, infelizmente, estamos trabalhando com a utopia. Como também provocaríamos outra pergunta e teríamos uma resposta presumivelmente única: haveria necessidades de transformar o Brasil na República das Cotas caso o acesso ao ensino superior, ao mercado de trabalho e, enfim, a um padrão de vida digno fosse um leque aberto em 180 graus? Esta foi uma pegadinha, pois a resposta utópica seria não.

Utopia, o que significa isso? Vejam que estamos exagerando nas perguntas, quando o texto, no entender de alguns analistas, deveria responder. Mas cá as indagações são necessárias, uma vez que não somos doutores em nada e queremos entender as coisas como cidadãos iguais a todos os cidadãos. Podemos entender a utopia como aquilo que consideramos ideal. Em termos de civilidade, o que é bom para todos, contempla a todos e dá oportunidade a todos, por exemplo.

Mas de tão utópica a utopia ganha outras definições complementares nos dicionários de sinônimos. Alguns trazem que a utopia é a busca do fantástico e do imaginário. Assim, querer um bom emprego com salário suficiente para sustentar a família em condição de conforto e segurança financeira seria uma utopia? Quase. O absurdo seria perguntar: ganhar a vida sem ter que recorrer à Lei da Vantagem seria utopia? Infelizmente muitos cidadãos brasileiros a praticam, depois de assimilarem que sem usar do jeitinho brasileiro o indivíduo morre de inanição, esquecido pela Previdência Social e desprezado pelos vizinhos e ignorado pelos políticos.

A Lei da Vantagem a que nos referimos é aquela injustamente vinculada ao jogador Gerson. No auge da carreira ele estrelou uma peça publicitária que tinha como mote a frase “gosto de levar vantagem em tudo”.

Frase, aliás, extraída de uma característica que ele tinha como jogador de futebol, mas adaptada na publicidade como oportunismo. Por isso as práticas políticas de se sobrepor à lei e à ordem para enriquecer, como o costume brasileiro de encurtar o caminho para chegar antes, foram vinculadas ao Gerson. E a Lei de Gerson virou sinônimo de oportunismo do mal.

Mal, no entanto, para quem jura nunca na vida ter usado de vantagens para abreviar o tempo de espera numa consulta porque o parente do parente trabalha no posto de saúde, ou evitar a fila do banco porque o primo do cunhado trabalha no caixa. Vamos, atirem a primeira pedra: quem nunca usou a Lei do Gerson?

Caso mais da metade dos leitores tenham respondido que nunca caíram do trilho, vamos combater o sistema de cota, a lei da transparência, a fiscalização dos benefícios e dizer, com altivez, que neste país não precisamos da lei da ficha limpa. Indignados, vamos gritar que lei com tal propósito é uma ofensa para os políticos e os eleitores brasileiros.

Como não é assim, considerando que brasileiro nem fila de supermercado respeita, vamos lutar por mais leis e fazer de conta que, algemados na legislação somos, sim, politicamente corretos.

Embora provocativa e incorreta, esta última parte vale como um cutucão em cada um de nós. Pois ter políticos retos, não depender de legislação para garantir direitos iguais a todos e poder confiar na justiça e no poder público com os olhos fechados depende unicamente de nós. Eles nada farão que nos ajudem nisso.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Se querem brincar de política, façamos de conta

Vigora uma brutal distinção entre o cotidiano das pessoas e os bastidores dos que optam pela política como uma carreira. Enquanto o cidadão trabalha, estuda e toca a vida adiante para se aperfeiçoar no que faz e ter a oportunidade de melhorar a sua renda, o carreirista político se articula cedo, tarde e noite e pauta todas as suas ações como legislador, administrar ou parlamentar em jogadas que vão favorecê-lo no presente e somar dividendos eleitorais no futuro.

Ouvimos certa vez um político de carteirinha defendendo que a política é, sim, carreira. E até pode ser, desde que esta opção seja conduzida de acordo com a ótica de um empreendedor que visa não somente para si, mas para toda a sociedade. E é aqui que encontramos muita dificuldade para identificar, entre os políticos, aquele que faz da sua função pública uma carreira exemplar e sem manchas.

Por isso preferimos considerar que a política é um projeto, mesmo levando em conta que para executar este projeto o político necessite de renda como qualquer trabalhador. Isso é justo e a sociedade tem claro entendimento disso.

Qualquer projeto que se faça só se torna executável se tiver uma base sólida. Essa base só se monta com conhecimento do político sobre a própria política, cultura mais do que o trivial, habilidade diplomática para conviver com aliados e adversários quando a finalidade do que se propõe é de interesse da população.

Então, infelizmente, teríamos que admitir que não existe também político forte em um projeto político para o município, o Estado ou a Nação. Quem, na atual circunstância, poderia ser mencionado? Aqui a injustiça por falta de menção resta para alguns poucos.

Estamos a cerca de doze meses das próximas eleições municipais. Já conhecemos a maioria dos pré-candidatos. Desde que as atuais administrações municipais e os vereadores tomaram posse, assistimos brigas. E não foram brigas por projetos importantes. Foram brigas para bater em adversários, deitar o opositor por terra.

Muitos dos protagonistas desses embates sem nexo tentam novamente a eleição. E a nossa proposta parece simplória, repetida incansavelmente de uma eleição para outra, implorada, mas ainda assim muito válida e fundamental. Dificilmente teremos nomes de impactos para as prefeituras e as câmaras. E já nos enganamos tantas vezes optando pelos novos, pelos possíveis de fazer da política realmente política.

Ainda assim, cabe a nós fazermos de conta que entramos no jogo. E dessa forma procurar conhecer a intenção de cada um que postule uma vaga eletiva. Vão sobrar poucos se a triagem for rigorosa. Mas teremos a possibilidade de errar menos.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A briga pela mulher não é somente nossa

A preferência por homens para os altos cargos na iniciativa privada é um problema também de alguns países do Primeiro Mundo. Reportagem publicada nesta quinta-feira, dia 20 de outubro de 2011, no jornal O Estado de S.Paulo (página B20 – Carreiras), mostra a situação da Alemanha.

Com o título “Grupos alemães querem mais mulheres na chefia”, a reportagem informa que um grupo de 30 empresas anuncia espontaneamente o plano de aumentar a participação feminina no comando, enquanto o governo é palco de brigas entre duas ministras para promover a valorização da mulher no trabalho por meio da lei.

De acordo com o texto, “o número de mulheres ocupando posições de liderança nas empresas alemãs é baixíssimo”. Uma reunião realizada na última segunda-feira discutiu o assunto com a tentativa de uma reversão do quadro. O plano voluntários das 30 empresas é de ter pelo menos 35% de mulheres em altos cargos até o ano de 2020.

A proposta teria agradado a Ministra da Família da Alemanha, Kristina Schröder. Mas a Ministra do Trabalho, Ursula von der Leyen, é contrária. Para ela, as metas voluntárias são insuficientes e deve haver uma cota legal vinculante.

A Ministra do Trabalho, na verdade, defende a necessidade de uma legislação que determine o aumento na presença das mulheres nos atlos escalões das empresas. A proposta dela é de que a participação feminina no comando da iniciativa privada chegue a pelo menos 30% até o ano de 2018.

A proposta, feita em tom de ameaça da Ministra da Família, Kristina Schröder, é de uma cota flexível a partir de 2013, caso o número de mulheres nos altos cargos não for triplicado até lá.

O que é preciso considerar: Alemanha e outros países do Primeiro Mundo tem elevado número de mulheres na política e entre os profissionais liberais. O que se discute lá é a maior presença feminina nos comandos das empresas privadas. E se lá há necessidade de briga para que isso ocorra, imaginem em outros lugares.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Filhos de ricos roubam e aparecem como vítimas

Estranho o comentário do apresentador do Paraná TV 2ª Edição, após a matéria sobre a prisão dos quatro jovens de Rolândia filhos de famílias de classe média. A reportagem produzida pela equipe de Londrina da RPC TV (TV Coroados) foi ao ar na terça-feira, dia 18 de outubro de 2011, bloco de Curitiba. O apresentador é o jornalista Sandro Dalpícolo, que passou pela emissora do grupo em Londrina, após se formar em comunicação social na UEL.

Estranho também a cobertura do caso pela Folha de Londrina, que consultou até uma psicóloga para falar sobre o envolvimento de “ricos” na criminalidade. Da mesma forma é estranho a Folha não ter divulgado os nomes dos acusados, ao mesmo tempo em que expõe a avó de uma das vítimas publicando a identificação completa da mulher entrevistada pelo repórter Davi Baldussi.

Já o porta-voz da Polícia Militar em Londrina, capitão Ricardo Eguédis, entra no clima da mídia tendenciosa e também analisa o fato como atípico, impossível de explicar e sem lógica.

Todo este pano de fundo é porque um dos rapazes seria filho de um médico e outro seria filho de um advogado. Os dois restantes completariam a cadeia como sendo também de famílias abastadas. Eles realizaram de quatro a cinco assaltos em Londrina, entre a região do Jardim Dom Bosco e as proximidades do Jardim Bandeirantes.

Usaram armas de brinquedos e, aqui entra o tom de “espanto” do porta-voz da polícia, dos repórteres, dos editores e no caso das TVs, inclusive dos apresentadores: o carro utilizado é novo e pertence a um dos jovens.

O depoimento da psicóloga comportamental Daniele Fioravante está na lógica e já foi repetido por outros profissonais em reportagens que tratam de jovens de famílias abastadas na criminalidade. Sim, criminalidade. Como aqueles que formam gangues para queimar indigentes e índios. Ou os que saem à noite pelas ruas, em luxuosos carrões, extravasando as neuroses com a violência. Os acusados de homofobia que já foram presos que o digam: a maioria é classe média.

Enfim, a psicóloga sustenta que é manha. É excesso de protecionismo. O que dá em educação mal dada alimentando vícios e permissividades. Em outras palavras, a diferença única é que o marginal que surge de uma comunidade em situação de extrema pobreza provavelmente não teve a oportunidade de uma boa educação, enquanto estes dos carros novos não mereceram esta boa educação. Alguém deu ouro a eles e se omitiu do resto.

Mas tanto um quanto outro é bandido. Quem rouba usando arma de brinquedo ou de verdade é bandido do mesmo jeito. Quem assalta dirigindo um carro próprio e novo é tão ladrão quanto o outro que antes de um assalto rouba um carro na rua. E quem aterroriza traz dentro de si essa necessidade de amedrontar os outros sendo rico, pobre ou remediado. Portanto, é do mal do mesmo jeito usando roupas de marcas ou chinelos de dedos nos pés.

O porta-voz da policia diz que se foi uma brincadeira dos meninos o ato mobilizou cerca de 25 policiais. Não foi uma brincadeira só porque os meninos são ricos. Foi uma sucessão de crimes com possibilidade de conseqüências às vítimas muito maiores do que aquele ato da mulher que roubou um pote de 250 gramas de manteiga num supermercado para matar a fome do filho e ficou detida por quatro meses.

O apresentador da RPC TV disse que se foi uma brincadeira os resultados poderiam ser trágicos. E indagou sobre a possibilidade de uma das vítimas estar armada “de verdade” e reagir. Flagrante descompromisso com a sociedade, pois a preocupação evidente foi com a vida dos filhos dos ricos que decidiram “brincar de assaltar”.

Acreditamos que a Folha ainda tentou uma abordagem mais pé no chão, contextualizando o tema com a consulta a uma profissional de psicologia. De qualquer forma, corre o risco de a mesma preocupação ser esquecida se um jovem pobre de uma localidade periférica se envolver no crime pela primeira vez, embora sendo de uma família rigorosa na educação dos filhos. Cabe o benefício da dúvida.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Lembrar para refletir e não deixar acontecer

Há 42 anos a população brasileira passava por um duro e perverso período político. No dia 17 de outubro de 1969 a Junta Militar que governava o país desde o golpe de 31 de março de 1964 promulgou a Emenda Constitucional Nº. 1, que incorporou dispositivo do Ato Institucional Nº. 5 à Constituição Federal.


Sim, o famigerado AI-5, instituído no dia 13 de dezembro de 1968. Para refrescar a memória, basta mencionar o que este Ato Institucional representava diretamente para a política nacional e, mesmo que indiretamente, a toda a sociedade brasileira.


O AI-5 foi redigido pelo então ministro da Justiça, Luís Antônio da Gama e Silva. O presidente da época era Artur da Costa e Silva. Foi feito como represália à uma decisão da Câmara dos Deputados, que negou conceder licença ao deputado Márcio Moreira Alves, para que ele fosse processado pela Junta Militar.


Sem a licença o deputado gozava de imunidade parlamentar. Meses antes Márcio Moreira havia feito um discurso acusando o Exército brasileiro de abrigar torturadores. Em seu pronunciamento pediu ao povo brasileiro que não participasse das festividades do 7 de setembro.


Por isso a Junta Militar criou o AI-5, que deu ao governo poderes absolutos. A primeira consequência do AI-5 foi na veia dos parlamentares: o Congresso Nacional foi fechado por quase um ano, com base no Artigo 2º do Ato Institucional, que dava ao presidente da República o poder de decretar o recesso do Congresso Nacional, das Assembléias Legislativas e das Câmaras de Vereadores. O fim do recesso era indeterminado. Ou seja, só quando o presidente da República quisesse, convocaria alguns desses poderes legislativos.


Até o Judiciário ficava subordinado pelo AI-5 ao poder executivo, representado pelo Governo Federal, governos estaduais e prefeituras. Cabe lembrar que era a época dos mandatos biônicos. O presidente da República também tinha o poder de decretar intervenção nos estados e nos municípios.


O presidente podia, ainda, suspender os direitos políticos de qualquer cidadão por 10 anos e cassar mandatos eletivos federais, estaduais e municipais. O AI-5 durou até 13 de outubro de 1978, quando o presidente era Ernesto Geisel, com a revogação de todos os atos institucionais e complementares de até então pela Emenda Constitucional Nº, 11.


O AI-5 e a Ditadura Militar como um todo fez também centenas de vítimas. Boa parte dos que sofreram as consequências do Regime foi morta ou está desaparecida até hoje. No Norte do Paraná temos casos de sindicalistas, políticos, professores, artístas que foram torturados.


Mas uma das vítimas que consta entre os desaparecidos, embora sua morte tenha sido registrada pelos próprios executores, é o do estudante de Apucarana Antônio dos Três Reis de Oliveira. Ele teria sido executado em maio de 1970, no Rio de Janeiro.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Consciência é a nossa arma mais poderosa

Este 17 de outubro é o Dia Internacional da Erradicação da Pobreza, data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU). Na hipótese mais positivista, cabe-nos um leve suspiro de alívio ao supormos que pelo menos no campo das discussões a eliminação da miséria no mundo merece um evento. Mas é aqui que os sinais de alerta devem ser ligados, uma vez que palavras somente são insuficientes para ao menos reduzir o sofrimento de milhões de pessoas.

Claro, as idéias, as propostas, os projetos como também os acordos internacionais para reverter o quadro envolvem quase 200 países e ganham força e consistência a cada ano. Ainda assim os números são alarmantes. Mais preocupantes são os efeitos da crise econômica mundial, com rastros profundos atualmente na Europa e abalos nas grandes potências. O que diremos nós, que vivemos em países em desenvolvimento?

O Fundo de População das Nações Unidas prevê para este mês de outubro de 2011 o nascimento do habitante de número 7 bilhões do Planeta, provavelmente no Continente Asiático e, de acordo com as estimativas que consideram a região do mundo onde esta criança nascerá, será ela um menino.

Digamos que este novo habitante da Terra já tenha nascido ou esteja bem próximo de dar o seu primeiro choro. Gostaríamos de dar-lhe as boas-vindas e na impossibilidade de o fazermos, temos que ao menos torcer para que ele não esteja na faixa da população em situação de pobreza. Dos 7 bilhões de habitantes da Terra, os dados mais atualizados são de que pelo menos 25% deles são pobres em condições extremas. Seriam cerca de 1 bilhão e 800 milhões de pessoas no mundo em quase miséria.

O Brasil de Lula gabou-se de ter reduzido a pobreza ao chegar perto das metas estabelecidas nos acordos internacionais na luta contra a diminuição da miséria. O Brasil de Dilma atualiza os números do Brasil de Lula para dizer que a luta continua. No entanto, ainda temos cerca de 16 milhões e 500 mil brasileiros em situação de pobreza extrema, de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Desses quase 17 milhões de brasileiros na miséria, perto de 11 milhões estão sobrevivendo com uma renda per capita de, no máximo, 70 reais por mês. O restante, quase 6 milhões de brasileiros, não tem nenhuma renda. Ou seja, estão absolutamente excluídos. Além da renda per capita, o IBGE inclui entre os brasileiros na pobreza as pessoas que não tem banheiros em casa, não tem acesso à rede de esgoto, não tem água e nem energia elétrica.

São situações visíveis perto de nossas casas, onde os bolsões de miséria, contrariando os números oficiais, crescem da noite para o dia. De nossa parte, como cidadãos, cabe-nos assumir o nosso papel e sermos realmente cidadãos na hora de votar e, depois de eleitos os nossos vereadores, os nossos prefeitos, os nossos deputados estaduais, os nossos governadores, os nossos deputados federais, os nossos senadores e o nosso presidente, sermos cidadãos levantando a nossa voz contra desmandos, desgovernos, tráfico de influência e defesa de interesses restritos em causas de minorias.

A pobreza não é problema só da pessoa mais pobre do que a gente. A pobreza atinge a todos nós com custos sociais e beneficiários que dão votos para alguns privilegiados do mundo da política e seus protegidos.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A luta dos professores é a luta da comunidade

Comemora-se neste 15 de outubro o Dia do Professor. E neste caso não se trata apenas de uma data. Ser professor é uma missão. Temos plena consciência que na atualidade o exercício desta profissão sofre com inúmeras causas.

Dentre elas a pouca valorização da categoria, as péssimas condições de trabalho, a impossibilidade de reciclagem das pessoas que trabalham na área e também a violência em algumas comunidades.

São fatores que interferem diretamente na atuação do professor, pois estão presentes no cotidiano dos moradores da maioria dos bairros com populações de menor renda. Nestas localidades as escolas públicas são as opções de matrículas.

Aliás, é muito mais que opção. A escola pública é uma obrigação do poder público e um direito do cidadão. Municípios, estados e também o Governo Federal devem proporcionar a todos estabelecimentos de ensino em boas condições, com os equipamentos necessários e um quadro de pessoal de primeira categoria.

Isso vale para o ensino básico, o fundamental, o médio e o superior. A escola privada, esta sim, seria a opção para quem procura mais do que o ensino público pode oferecer. E pelo que consta na Constituição Federal, este mais a que nos referimos deve ser em atividades que extrapolam o pedagógico, pois parte-se do princípio que quando a meta é ensinar as metodologias não podem ter diferenças entre o público e o privado.

Verdade que isto é quase utopia em algumas localidades. Mas verdade também que, às vezes, relaxamos e consequentemente dispensamos pouca atenção ao que nos é de direito. E deixamos professores, coordenadores, diretores, funcionários, alunos e pais sozinhos nas lutas por causas justas.

O nosso grito modesto neste momento, junto com um abraço solidário a todos os profissionais do ensino, é para que as comunidades passem a olhar suas escolas como um tesouro que deve receber atenção especial das autoridades, inclusive na questão da segurança, para evitar que alguns vândalos ajam contras seus próprios vizinhos. E isso se faz cobrando as autoridades.

E que o poder público demonstre na prática o seu reconhecimento aos professores, valorizando-os e proporcionando condições para que eles se reciclem e possam crescer cada vez mais na sua atividade.


quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A nova lei, as novas regras e as dúvidas de sempre

As novas regras do aviso prévio já estão valendo. Sancionada pela presidente Dilma Rousseff na terça-feira, dia 11 de outubro de 2011, a lei que estabelece aviso prévio proporcional ao tempo de serviço foi publicada no Diário Oficial da União nesta quinta-feira, dia 13 de outubro, o que a torna pronta para ser aplicada.

Mas desde antes de sua vigência algumas dúvidas pairam sobre o seu conteúdo – ou a ausência de partes dele. Prevê-se, portanto, uma guerra na justiça principalmente entre os patrões e os empregados, através de suas entidades representativas ou até individualmente. Do ponto de vista de alguns analistas jurídicos, é preciso que o Governo Federal regulamente por decreto os pontos que parecem estar - ou estão - omissos na lei.

O que está claro por enquanto é que o trabalhador com registro de até um ano na mesma empresa tem direito ao aviso prévio de 30 dias quando é demitido. A partir desse período mínimo de registro em carteira, a cada ano a mais de trabalho o aviso prévio é acrescido consequentemente em mais três dias. Assim, um trabalhador com 10 anos na mesma empresa, quando demitido, terá os 30 dias normais de aviso mais outros 30 dias de acréscimos referentes aos 10 anos.

Esse acréscimo, porém, é até o limite de 90 dias de aviso. Ou seja, o trabalhador deve ter no mínimo 20 anos na mesma empresa para ter o aviso prévio de 90 dias, sendo 30 dias normais e 60 dias de acréscimo. Vejam o Artigo 1º e o Parágrafo Único da Lei nº 12.506 de 11 de outubro de 2011:

- Art. 1º - O aviso prévio, de que trata o Capítulo VI do Título IV da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1º de maio de 1943, será concedido na proporção de 30 (trinta) dias aos empregados que contem até 1 (um) ano de serviço na mesma empresa.

Parágrafo único. Ao aviso prévio previsto neste artigo serão acrescidos 3 (três) dias por ano de serviço prestado na mesma empresa, até o máximo de 60 (sessenta) dias, perfazendo um total de até 90 (noventa) dias.

Quanto às brechas da nova lei que podem resultar em uma guerra jurídica, caso não haja regulamentação por decreto:

- As novas regras valem somente para o caso da empresa demitir o trabalhador ou valem também para o caso do empregado que pedir demissão?

- A nova lei é omissa também na dispensa de duas horas por dia ou sete dias consecutivos a que o trabalhador em aviso prévio de demissão tinha direito, para dispor de tempo para procurar um novo emprego.

- Outra dúvida é quanto ao efeito retroativo do aviso prévio, pois há entendimento da Força Sindical, divulgada em nota oficial, de haver brecha para os trabalhadores  exigirem o aviso prévio proporcional também nos contratos anteriores à vigência das novas regras.

É que o termo aviso prévio proporcional, só agora transformado em lei, consta no artigo 7º da Constituição Federal que é de 1988. Este artigo trata apenas dos direitos do trabalhador, e não dos deveres.

É também com base neste artigo 7º que alguns juristas analisam que as novas regras, de aviso prévio proporcional de até 90 dias, caibam apenas ao empregador que demite seu funcionário. Ainda assim fica a brecha para o caso do aviso prévio a ser cumprido pelo trabalhador que pede demissão: cumpre 30 dias como na lei anterior e se quiser se desligar imediatamente paga estes 30 dias para o empregador? Ou já que a lei omite este item o trabalhador fica desobrigado de avisar previamente sobre o seu pedido de demissão?

O decreto de regulamentação é, portanto, urgente.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

PARA DESCONTRAIR - Como ouvir uma música



A versão original desta música é de 1973. É um Country, composição de Terry Stafford e Paul Fraser, e conta a história de um cantor de rodeios e sua vida solitária, de um evento a outro. 

A versão brasileira é de Aldir Blanc e a interpretação é de Zé Ramalho. Observem que não é uma tradução. Com o título Entre a Serpente e a Estrela, trata das amarguras de um homem em relação a um amor do passado. 

É uma boa opção para curtir, analisar o estilo de texto com metáforas e, se for o caso, sentir...


segunda-feira, 10 de outubro de 2011

E como explicar que o presente ficou para depois?

A realidade é crua. Assim como nos natais, muitas crianças brasileiras terão um 12 de outubro branco. É certo que parte delas receberão carrinhos, bonecas, bolas, jogos eletrônicos, computadores ou bicicletas. Mas nem todas merecerão junto com os pacotes a dose necessária de amor. Da mesma forma, algumas receberão abraços, beijos e afagos carinhosos e sinceros, mas faltará um objeto caprichosamente embrulhado.

Esta diferença entre a expressão com um presente físico comprado nas lojas de departamento e o amor manifestado pelos adultos é algo muito difícil de compreender e de explicar. Acontece até com quem já é grande: faça de conta que hoje é o seu aniversário e nem os parabéns de uma grande amiga ou de um grande amigo chegaram. Ou imagine que o seu esposo ou a sua esposa esqueceram de comprar um presente para comemorar juntos.

Datas comemorativas nem sempre são criadas por causas justas. Ou mesmo quando os motivos são nobres a própria sociedade, da qual fazemos parte, trata de criar desvios. Assim, o apelo comercial torna-se mais forte e as vésperas dos natais e dos dias dedicados às crianças viram períodos de correrias às lojas.

Este apelo vira regra e ganha status de tradição. Tradição que não pode ser cumprida por todos porque há desemprego, há baixos salários, há contas a serem pagas e às vezes nada sobra para a compra dos presentes. Como fazer uma criança entender que a bola que ela tanto queria vai ficar para depois porque papai está sem emprego e mamão tem que destinar todo o seu pagamento para comprar alimento?

Resta-nos a esperança de termos, nós adultos, a sabedoria suficiente para transformar o amor que temos por nossos filhos em um sentimento soberano. Ainda assim corremos o risco de não sermos entendidos. É o preço que temos a pagar, pois permitimos que se chegasse a esse ponto.

Conferimos na semana passada os dois jornais que circulam em Londrina. Num deles a Semana da Criança foi chamada com reportagem sobre as brincadeiras que contribuem para a sociabilização e a compreensão do coletivo (Folha de Londrina). No outro jornal a preocupação foi com a entidade que representa o comércio, cuja previsão é de vendas menores neste 12 de outubro (Jornal de Londrina).  

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Conferência Regional reúne mais de 600 mulheres


A Associação dos Municípios do Médio Paranapanema (Amepar) realizou nesta sexta-feira, dia 7 de outubro, a Conferência Regional de Políticas para as Mulheres. O evento foi realizado no Village Praça de Eventos, em Cambé.

Após credenciamento e abertura oficial, foi iniciada mesa redonda às 14 horas sob a coordenação da secretária municipal de Assistência Social de Cambé, Ângela Cristina Pascueto Amaral, e a participaçõ da secretária de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Maria Tereza Uille Gomes, representando o poder público. A sociedade civil foi representada por Elza Correia.

Em seguida à mesa redonda, as cerca de 600 mulheres participantes foram divididas em grupos para debater as propostas, que foram posteriormente apresentadas, debatidas e aprovadas. Também foram eleitas as delegadas e as suplentes para a Etapa Estadual da Conferência de Políticas Públicas para as Mulheres.

A Conferência Regional teve como objetivo discutir e definir propostas sobre dois temas: análise da realidade regional, estadual e nacional, social, econômica, política, cultural e dos desafios para a construção da igualdade de gêneros; avaliação, aprimoramento das ações e políticas e definição de prioridades no 2º Plano Nacional de Políticas para as Mulheres.

A foto cedida pela Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Cambé é de autoria da fotógrafa Gisele Cabrera.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A criança que somos para as crianças que temos

Brincadeiras de roda e de rua para todas as crianças de zero a sessenta, setenta, oitenta, noventa ou cem anos de idade. Este seria um bom presente para comemorar o 12 de outubro.

Seria! A cada dia que passa torna-se mais cômodo admitir que já não podemos fazer muitos coisas que tínhamos direito no passado. Brincar na calçada em frente de casa, por exemplo, era uma obrigação. As ruas tranqüilas permitiam e os pais preferiam que as correrias e as gritarias fossem do lado de fora do portão.

Os tempos mudam, esta frase é comum desde lá atrás. Mas nos últimos anos algumas áreas passaram por transformações rápidas e radicais, com avanços da noite para o dia.

A tecnologia, por exemplo, trouxe nesta área digital o mundo para dentro de casa através de conexões que custam caro, mas tornam-se necessárias. São jogos, lazer, bobagens inofensivas ou agressões grosseiras acessíveis a qualquer hora. Nem para fazer os trabalhos escolares as crianças precisam ir a uma biblioteca. Com alguns cliques a tarefa está formatada e pronta para ser rodada na impressora doméstica.

Mas só a tecnologia seria insuficiente para tirar as crianças brasileiras das brincadeiras de rua. Um monstro perigoso, muito mais nocivo do que o carro preto que pegava os alunos nas saídas das escolas, conforme uma lenda urbana nunca comprovada, atormenta os pais: a insegurança.

E insegurança é medo, pesadelo, dor de cabeça, preocupação. É sair de casa cedo para o trabalho pensando sempre no pior para si mesmo e para os familiares, sobretudo as crianças. É ter a criminalidade como algo possível de acontecer a qualquer hora e em qualquer lugar. Infelizmente, sentir que qualquer pessoa pode ser vítima e não somente quem se descuida.

Junto à tecnologia e a insegurança temos a vida atarefada dos adultos. Todos tem que correr atrás do pão de cada dia. E para evitar preocupações, as crianças ficam em casa diante dos monitores de tevê ou dos computadores.

Alguns conceitos também mudaram, um tanto para melhor, outro para pior. Valores também foram alterados. O politicamente correto às vezes é trava na vida das pessoas, porque são tendenciosas e parciais. Se é verdade para uns, é mentira para outros.Assim alguns pais preferem que seus filhos ainda crianças sejam adultas, esclarecidas precocemente sobre temas complicados e com linguajar que amedronta, tamanha é a demonstração de maturidade.

Perdemos muito. Nesta Semana da Criança que se inicia, como família podemos resgatar um pouco do que gerações passadas tiveram em seus cotidianos. Há de sobrar um tempo no início das noites para breves passeios e brincadeiras nossas, como crianças, junto com as crianças que são os nossos filhos.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Rosa para valorizar a prevenção ao câncer de mama


O outubro é rosa. Pouco menos de dez anos após este movimento internacional chegar ao Brasil, a cor e a luz chegam a praticamente todos os cantos do país. Pode-se avaliar que o chamamento para a consciência agora é uma marca de conscientização para a prevenção ao câncer de mama.

A entrada no Brasil do movimento foi de forma peculiar. No dia 2 de outubro de 2002 o Mousoléu do Soldado Constitucionalista, conhecido como Obelisco do Ibirapuera, em São Paulo, foi iluminado com a cor rosa. Era de se estranhar, pois naquela data comemorava-se os 70 anos da Revolução Constitucionalista. A estranheza durou pouco e foi substituída pela certeza das pessoas que ali havia uma causa justa.

A iniciativa foi de mulheres simpatizantes com a causa do câncer de mama, que tiveram o apoio de uma indústria de cosméticos. Outra grande manifestação foi a iluminação rosa da Fortaleza da Barra anos depois, em 2008, pelo Instituto Neo Mama de Prevenção e Combate ao Câncer de Mama. A decoração foi feita em duas ocasiões, no Dia das Mães e no Dia Estadual de Prevenção ao Câncer de Mama, data instituída no Estado de São Paulo para o terceiro domingo de maio.

Posteriormente até o maior símbolo do Brasil, o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, foi símbolo do Outubro Rosa com a cor iluminando a estátua. No Paraná, a maioria dos municípios mostra a cor rosa em algum local público.

Este movimento de prevenção ao câncer de mama surgiu nos Estados Unidos. O laço rosa que simboliza a campanha preventiva foi criado pela Fundação Susan  G. Komen for the Cure, para ser entregue aos participantes da 1ª Corrida pela Cura realizada no ano de 1990, em Nova York.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Quando o cidadão comum ganha espaço no jornal

É provável que um grande número de pessoas já tenha ouvido falar em democratização da informação. O que estas pessoas desconhecem, com justa razão, é se o tema é só um discurso ou se existe algo na prática. Pois bem. Praticamente é só um jogo de palavras.

Oficialmente, o assunto ganhou corpo a partir do dia 16 de abril de 2009, quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou o decreto de número 185 convocando a 1ª Conferência Nacional de Comunicação com o tema “Comunicação: meios para a construção de direitos e de cidadania na era digital”.

Assim como acontece na saúde, educação, assistência social, idosos, mulher, pessoa deficiente, cultura e muitas outras áreas, também na comunicação a chamada da conferência foi em cumprimento da Constituição Federal.

Realizada nos dias 14, 15, 16 e 17 de dezembro daquele mesmo ano, a conferência que criou o Conselho Nacional de Comunicação teve, como é de direito, a participação do poder público e da sociedade civil organizada. Especificamente na área da comunicação, também tiveram direito de representação na conferência e posteriormente no conselho trabalhadores do setor e empresários.

Até aqui tudo certo. Mas conferindo a lista de propostas que foram extraídas daquele evento, percebe-se nitidamente que boa parte dos debates durante a conferência e antes de sua realização, nos fóruns municipais e estaduais preparatórios, não foi aproveitada. Algumas dessas propostas caracterizam-se como uma briga por recursos públicos para bancar projetos privados que nem sempre podem ser vistos como de comunicação.

Londrina também criou o seu Conselho Municipal de Comunicação, após fóruns preparatórios e a realização da 1ª Conferência Municipal. Procuramos informações sobre em que pé estão os trabalhos do conselho, mas pouco obtemos. Em Cambé, um grupo de profissionais da área tentou criar pelo menos um fórum de democratização da informação, mas a pouca participação e um flagrante desinteresse por parte dessas pessoas estão levando a proposta ao ralo.

Em primeira instância, este mecanismo é de fundamental importância também para o segmento que se enquadra como o de usuários. No caso o leitor dos jornais e revistas, o telespectador, o ouvinte de rádio e os internautas que acessam as notícias pela internet.

E o que seria a democratização da informação? Em primeiro lugar o acesso de espaço nos meios de comunicação para que todas as informações que sejam de interesse da sociedade sejam divulgadas. E não somente sejam publicadas as notícias que interessam aos jornalistas e aos empresários da comunicação.

Em segunda instância, que a população interessada em determinada informação tenha acesso a ela. No meio impresso e na internet esse acesso tem um custo que é elevado para um grande número de pessoas.

Para que essas duas situações ocorram é preciso muito debate. Atualmente, as colunas sociais dos jornais repetem diariamente fotos de pessoas que são consideradas colunáveis. E nós, cidadãos comuns, só saímos nos jornais quando cometemos algum crime ou somos vítimas.

É bom saber também que mesmo tendo cometido um crime o cidadão pode impedir a divulgação de sua foto ou de informações que não estejam relacionadas ao fato. Abusa-se porque não conhecemos os nossos direitos. Um bom fórum de comunicação poderia abrir junto com a sociedade um canal de conversar frutíferas sobre este tema. É o que propõem o blog http://comunicacometica.blogspot.com

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Olhos fechados para a verdade das nossas ruas

Merece atenção a reportagem publicada nesta segunda-feira, dia 3 de outubro de 2011, na página 5 – Geral, da Folha de Londrina. Com o título “Prostituição – Escravas das ruas de Londrina”, a produção jornalística assinada pela profissional Micaela Orikasa trata de um sério problema que a sociedade, às vezes, faz de conta estar preocupada através de mecanismos legais públicos ou filantrópicos e privados. Mas o que se vê na prática é justamente o que está escrito na abertura do texto:

“Percorrer alguns pontos de Londrina pode revelar uma realidade que muitos desconhecem ou preferem não enxergar: a prostituição infantil”. Não há, infelizmente, que colocar reparo. A verdade é o que está escrito. Talvez o desconhecimento a que a repórter esteja se referindo sirva mais como atenuante para o termo desconsideramento, embora esta palavra nem exista oficialmente. Então, de acordo com as regras, em vez de desconhecer boa parte das pessoas enxergam o problema como algo que é alheio, não é problema meu.

Prossegue o texto: “Com uma estrutura corporal que deixa evidenciada a pouca idade, essas meninas abordam ou são abordadas em plena luz do dia, em locais de grande circulação de veículos e caminhões”. Dentre esses lugares a reportagem aponta a Avenida Brasília, perto da Vila Marizia; na Vila Yara, localizada na zona leste da cidade entre outros.

A venda do corpo é muitas vezes para a compra de drogas, como o crack. Em um dos depoimentos mencionados, um homem diz à reportagem que já saiu com uma menina por apenas dois reais. Um educador social ouvido pela equipe da Folha de Londrina afirma: “Nós temos adolescentes na faixa de 12 a 16 anos que cobram o valor de uma pedra de crack”. E a pedra de crack custaria cinco reais.

Em outro depoimento, uma avó pede socorro e confessa que já não sabe mais o que fazer para tirar a neta de dezesseis anos de idade das drogas e da prostituição. No pé da página, há uma lista de telefones dos locais onde as pessoas devem denunciar a exploração sexual e a prostituição de menores: CREAS III – 3336-2003; Conselho Tutelar – 9991-6752; Promotoria Pública – 3372-3157. Além disso, consta o telefone normal da Polícia Militar.

Cabe aqui um alerta: costumamos ser voluntários atendendo campanhas de enchentes, de igrejas e do próprio poder público. Em alguns casos o voluntariado assume papéis que são obrigações do Estado. Condomínios riquíssimos, por exemplo, ajuntam seus moradores para organizar e bancar os custos de uma segurança privada. Escolas em péssimas condições às vezes são consertadas nos finais de semana pelos pais.

O Brasil precisa de voluntários também para pessoas que precisam do voluntariado. As meninas que geraram a reportagem da Folha são vítimas. E há pessoas que testemunham isso, mas nem se dão ao trabalho de discar o número de denúncias.