sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

O que fizemos com as lutas do passado

Há exatos 121 anos, o Brasil teve a sua primeira Constituição Republicana. A promulgação ocorreu no dia 24 de fevereiro de 1891.

Há 28 anos o Brasil testemunhou uma das grandes manifestações democráticas do País na luta pelas eleições diretas. Foi em 24 de fevereiro de 1984 que um comício em Belo Horizonte, Minas Gerais, reuniu cerca de 250 mil pessoas.

Esta data é portanto muito significativa para a democracia brasileira. Mas fatalmente somos neste momento obrigados a uma reflexão: no que estes acontecimentos deram?
Ou, de uma maneira mais dura, perguntamos: por que permitimos que as lutas do passado fossem transformadas ao longo da história em uma bagunça?

Em 2012 temos um governo que já se viu obrigado a trocar nove ministros. Essas mudanças não ocorreram porque fulano decidiu sair da vida pública para se dedicar mais à família e aos seus negócios particulares. Foram, no mínimo, por suspeita de irregularidades com o uso do dinheiro público, este que nós, os brasileiros, depositamos nos cofres dos poderes municipais, estaduais e federal na forma de tributos.

Sim, repetimos o que temos dito insistentemente neste blog: dinheiro público é levantado pelo contribuinte e todos os brasileiros são contribuintes. Os impostos estão no pão que se compra, na caixa de fósforo, no leite, no transporte coletivo, no pedágio. Quem paga é o cidadão. Quem mantém o serviço ou vende o produto apenas repassa.

Além das ocorrência na esfera do executivo já eram normais as denúncias nos legislativos, das câmaras municipais ao Congresso Nacional. E agora o judiciário.

A que ponto chegamos? As notícias sobre o uso indevido do dinheiro público são estampadas diariamente nos jornais. Sensacionalismo da impresa? Nada disso. O que é fato não deve ser omitido.

São tantas notícias de escândalos na vida pública que corremos o risco de, em breve, lermos estas informações sem indignação, achando que isso é normal.

Temos, portanto, que nos cuidar. Sempre em respeito aos milhões de brasileiros que participaram dos comícios das diretas nos anos de 1980 e pintaram suas caras de verde e amarelo nas manifestações pelo impeachment de Collor.

Estamos passivos demais e isso é perigoso. Daqui a pouco decidem que é hora de acabar com a nossa democracia representativa porque não fazemos uso dela. E se descuidar isso passa sem que a gente perceba. É hora de abrir os olhos e o coração.

Os argentinos, comentados ironicamente por muitos brasileiros, paralisam o país com os panelaços e conseguem pressionar parlamentares e detentores do poder na esfera executiva. Nem latinha de manteiga a gente tem coragem de bater.  

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