segunda-feira, 12 de março de 2012

A capital federal e o seu estigma segregacionista

Genocídio pode não ser o termo correto. Mas vamos usá-lo como sendo o adequado para tratar de um assunto que diz respeito diretamente à parte da sociedade brasileira: a segregação. Vamos sim usar genocídio, porque a palavra faz referência a uma das mais sórdidas formas para exterminar grupo torturando, matando e colocando em evidência o grande pecado do ser humano de ser cruel quando discrimina e alimenta o preconceito.

Há 15 anos um índio pataxó foi queimado e morreu nas ruas de Brasília por um bando de meninos da classe média. Nestes últimos dias outras vítimas foram feitas também em Brasília, além do registro de uma outra ocorrência no Mato Grosso do Sul.

Brasília foi concebida por Juscelino Kubichek, que encomendou o desenho da cidade para Oscar Niemeyer e Lúcio Costa. Quem bancou a construção de Brasília foi o povo brasileiro.

Oscar e Lúcio Costa criaram uma cidade para ricos. Ninguém consegue andar a pé em Brasília. Seus viadutos e suas ruas largas bem mostram que aquilo é para quem tem dinheiro para comprar um carro para si, outro para a mulher e outros para os filhos. Se a situação financeira não permite carros em casa, o jeito é apelar para as vans que são controladas por amiguinhos políticos de uns e outros.

Mas foram os fandangos que construíram Brasília. Sim, os cabeças chatas que depois de Brasília pronta foram mandados para as cidades satélites. É mais ou menos o que Maringá faz: pobre é enviado para Sarandi.
Brasília, portanto, já surgiu segregacionista. Meça isso no comércio: pobre faz compras no Conjunto Nacional, de onde dá para ver lá embaixo a Explanada dos Ministérios, o Congresso Nacional e a sede do governo federal. 

Rico, que são os filhos de parlamentares, funcionários comissionados dos políticos e parentes de embaixadores, ministros, magistrados e quanto mais gasta dinheiro em shoppings modernos. A cerca de quatro quilômetros do Conjunto Nacional, por exemplo, existe quase em frente do Hospital Sarah Kubitchek o Pátio Brasil, um dos locais de frequência requintada.

Infelizmente muitos dos modelos que temos na política, quando o assunto é corrupção, chegam de Brasília. Pior: essa segregação está crescendo de lá. E nós, aqui no Norte do Paraná, temos que ter força para manter a nossa consciência. Que predomina o nosso lado cidadão e os criminosos raciais, de gênero ou de condição social e econômica nunca ganham terrenos sob os nossos céus.

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