segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A titica mexe com os oportunistas e os interesseiros

Uma lua de unha. Isto cá entre nós, que já gozamos a era do avanço da mulher na política e em tudo o mais. Estamos falando da Arábia Saudita, onde a mulher é obrigada a se vestir da cabeça aos pés de negro, não pode conduzir um carro, é punida quando se deixa fotografar junto com um grupo de homens e deve entrar e sair de restaurantes usando portões específicos.

Agora elas sorriem com uma conquista: poderão votar e se candidatar a partir das eleições de 2015. Isto numa monarquia onde elas só podem freqüentar os shoppings no período da manhã. As mais abastadas são levadas a estes locais por motoristas particulares. Chegam com os rostos escondidos e só os mostram a partir da placa que avisa: “Somente mulheres. Câmeras não são permitidas. Por favor retirem a cobertura do rosto”.

O direito ao voto e à candidatura foi concedido pelo rei Abdullah bin Abdulaziz al-Saud. Mas não esperem pela participação delas na votação que haverá na semana que vem. Só em 2015. A monarquia al-Saud, para se ter uma idéia, está no poder há 88 anos. Também não se iludam com a possibilidade de uma democracia, senão plena, pelo menos significativa. As eleições do reino são parciais: são escolhidos por voto apenas metade das cadeiras dos 285 conselhos municipais que existem. E isso, de acordo com as análises políticas, não causa efeito algum na forma de governo predominante.

De qualquer forma, mesmo tendo que esconder o rosto e qualquer parte do corpo usando o abava, nome dado à vestimenta preta, elas passarão a ter participação na política. Elas que são proibidas de ter contato com homens. Uma estudante universitária daquele lugar só vê o seu professor através de vídeos ou de um espelho de duas faces.

Ela que precisa de um guardião, que pode ser o marido, o pai, o irmão ou o filho. E diante do guardião tem que ser submissa. É ele, o guardião, que a autoriza a estudar, tirar carteira de identidade, viajar e se internar num hospital.

Ela vai votar e ser candidata a partir de 2015. E os Estados Unidos, mesmo na era Obama, pose de benfeitor de um gigante acontecimento, prometendo apoiar o rei e o povo saudita na reforma eleitoral. Como sempre, oportunismo descarado e interesseiro por uma lua de unha.

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