terça-feira, 17 de janeiro de 2012

A opção é arbítrio de cada telespectador

Programas ruins de televisão e rádio só são mantidos porque têm patrocinadores. Patrocinadores somente mantém seus contratos com emissoras que levam ao ar programas ruins porque apostam em suas audiências. Infelizmente a audiência somos nós que proporcionamos.

O suposto estupro no BBB está dando mais Ibope ao programa. Até dizem que a notícia foi fabricada pela própria produção, diante da baixa audiência registrada nos primeiros dias.

Há quem diga que a moça que se diz estuprada está usando de estratégia ardilosa para se projetar. Também falam em racismo, pois o acusado é negro. Há inclusive protestos com tom racista.

Sem entrar nesse ou outro mérito e apelando para o vulgar: pornografia devia ser permitida somente em tevê por assinatura. Porque em canais pagos a pessoa desembolsa dinheiro para assistir o que quer: sacanagem, piada de pouca criatividade e besteiras afins.

Infelizmente o BBB, com todo respeito a quem assiste o programa, virou um palco aberto de sacanagem. E não é somente de sexo. Ali a moral e a ética são constantemente pisoteadas, a personalidade depravada é escancarada e vira troféu, a falta de escrúpulo e de dignidade e cotidiana.

Quando escreveu o livro 1984 (Ninetenn Eighty-Four) o jornalista e escritor Eric Arthur Blair, que ficou conhecido como George Orwel, imaginou no Grande Irmão um esquema de dominação do Estado a partir da vigilância da população.

Quem leu o romance ainda estremece ao lembrar de trechos em que o indivíduo ficava vulnerável a esse tipo de dominação, inclusive em relação ao seu pensamento. O romance foi concluído em 1948 e publicado em 8 de junho de 1949.

Ali se mostrou através de uma ficção, no estilo de distopia, aquilo que se opõe à utopia, que a dominação é perversa, pois interfere inclusive no psicológico de quem a sofre. A censura imposta nos anos negros no Brasil pela ditadura militar é prova disso.

Pois o BBB de Pedro Bial e da Globo é assim. Em relação aos participantes o programa desnuda-os e fragiliza-os. A nudez física torna-se pequena em relação à nudez inclusive espiritual. Pior do que isso. Em relação aos telespectadores, a nudez de conceitos é pior, pois a tendência é de transferir desejos e fantasias. Coisas que não fazemos por termos princípios tornam-se besteiras. Ou seja, não fazemos porque somos babacas. A televisão mostra que todo mundo pode fazer.

Assim abaixamos o nível. Mostramos a quem quiser as nossas fraquezas. Caímos no submundo moral e aplaudimos. Se a TV é dominação então o BBB está conseguindo. E deixamos as contas para pagar depois que um dos participantes levar o grande prêmio. E os problemas? Oras, com tanta sede de sacanagem por que é que temos que ligar para as nossas dificuldades cotidianas? Não é assim, grande irmão?

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