terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Começa a temporada do desbunde e da pobreza

Quem somos nós para julgar o gosto de terceiros? Ninguém e nada. Mas também não nos cabe a alienação ou, no mínimo, a omissão sob a desculpa do “eles que se danem”.

O silêncio pode ser uma arma fatal para nós mesmos, principalmente quando a cultura está em questão. Estamos falando dessa cultura que é o nosso dia a dia. A cultura do cotidiano, de saber o mínimo necessário para não ser enganado. De ter informação suficiente para ser correto, ético, moral e, sobretudo, cidadão.

Cultura! A elite costuma dar um conceito dimensional para ela. Assim, de acordo com este enfoque elitizado, cultura é coisa de nobre. Ou, no mínimo, de quem tem possa para adquiri-la. Paga-se bem pelo ingresso a um espetáculo de teatro ou música e vai-se embora dizendo que é uma pessoa de cultura. Quando na verdade a preferência é por um sertanejo universitário.

A elite não gosta que o povão tenha acesso à cultura. Antigamente, na ditadura, o receio de dar cultura ao pobre era dela, a cultura, estar recheada de conteúdo ideológico. Então a cultura, quando chegava aos bairros de periferia, era por grupos independentes que tinham objetivos claros, de levar consciência a todos.

Era mais um trabalho de formação política e ideológica. Era um projeto. Até Chico Buarque, que nunca fez um show de graça para pobre, ganhou muito dinheiro cantando as dores que o regime militar provocava na população brasileira. Vinicius de Morais pelo menos assumia: o negócio dele não era cantar a dor dos outros. Vinicius cantava a praia e as mulheres de lá. E os próprios detentores da cultura aplaudiam tudo, de Tom Jobin a Caetano Veloso, mesmo se eles defendessem por acaso, de público, que cultura é coisa nobre e não é para todo mundo. Não estamos dizendo que estes caras disseram isso.

Assim chegamos a mais uma edição do BBB. Estamos numa democracia, inclusive na hora de desligar ou ligar o aparelho de TV. Se todos tivéssemos condições para pagar assinatura de TV a cabo, é provável que os pacotes caríssimos nos dariam alternativas. Mas não é assim.

Ninguém está proibido de assistir TV na hora do BBB. Mas é bom, entre a nudez dos participantes, as sacanagens e os pedidos do apresentador para acionar o telefone para votar em um ou outro, puxar um pouco de bom senso e racionar que é tudo um jeito de ganhar dinheiro do povo, que somos nós, com um programa que em nada nos ajuda culturalmente.

Agora, se a opção é ver mulher ou homem desbundando, isso é entretenimento e cada um fique à vontade. Ainda assim, repetimos, a boa dose de consciência é muito salutar. Lembrem-se: eles nos querem cegos e preferem que a gente só enxergue bunda na frente. E vamos usar os créditos do celular para votar, pois isso enriquece os patrocinadores e a emissora.

Um comentário:

  1. Eu acho esse BBB um atraso de vida. Não perco um segundo assistindo uma porcaria dessas.
    Colli

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