segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

O medo chega às residências dos vizinhos

Converso com uma pessoa que julgo ser esclarecida sobre reportagens publicadas semana passada pelo Jornal de Londrina e Folha de Londrina. Na verdade, um balanço de 2011 sobre o aumento no número de denúncias de violência doméstica a partir da maior divulgação da Lei Maria da Penha e de campanhas de esclarecimentos feitas por entidades diversas.

Comparo com a pessoa que o Jornal de Londrina trabalhou o assunto com lisura e acerto, enquanto a Folha errou ao não apresentar dados sobre o aumento da violência e somente se ater aos dados da Polícia Militar e da Delegacia da Mulher e afirmar, em seu texto, inclusive na chamada de capa, que aumentou a violência contra a mulher.

Errado porque a análise fornecida pela própria polícia foi do aumento de registros de casos. A polícia não tem informação sobre o aumento de casos, o que é muito diferente. De repente a pessoa me diz que a maioria das vítimas ainda não denuncia. E relata o caso de uma vizinha, que estaria sofrendo agressões do parceiro.
Segundo esta pessoa, ela não ousa telefonar para a polícia porque o agressor é conhecido na vizinhança como um homem violento e ameaçador. A sua postura estaria ligada à segurança de sua família. O receio seria de uma represália, com ação violenta, do agressor.

Não deixa de ser uma omissão. Significa que o indivíduo representa risco não só para a companheira agredida, mas para todos os vizinhos. E se há medo de telefonar para a polícia, Londrina dispõe de entidades que podem orientar sobre a forma mais segura de resolver o problema.

Então fico imaginando que a Lei Maria da Penha esbarra ainda não apenas entre as pessoas que pelo destino de dificuldades são menos esclarecidas. Há gente que tem como participar dessa marcha contra a violência e se cala. E pelo que se percebe, no depoimento dessa pessoa com quem conversei, que esse silêncio acorrenta e muito (texto de Walter Ogama).

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