quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O celular toca e você não sabe se atende

Virou um dilema. Ontem uma amiga telefonou de Pernambuco. Vi o DDD 081 e deixei tocar. Minutos depois ela insistiu e eu deixei tocar de novo. Não atendi. É dessa região do Brasil que costumo receber mensagens de prêmios: casa do Domingão do Fasutão, caminhão de mercadorias do Magazine Luiza, carros do Gugu e assim por diante. Certa vez ligaram para avisar que eu havia sido sorteado num consórcio que não pago.

Se fosse verdade, eu estaria milionário de tantas premiações que eu levo sorte. Há um número da região de Fortaleza, com DDD 089, que não desiste. Sempre me premia com alguma coisa. Pesquisei na internet e vi que por ali existe uma penitenciaria. Também sei que na área do DDD 081 está instalado um presídio feminino.

Fosse só isso e estaria controlado. Mas ultimamente recebo ligações quatro ou cinco vezes ao dia do DDD 048. É um telefone fixo e por isso tentei atender. Mas quando atendo fica um silêncio e eu fico gritando alô. Nas pesquisas feitas na internet pessoas de todo o Brasil reclamam desta ligação. Alguns desses internautas dizem que é de uma operadora de telefonia e de TV por assinatura.

Em casa, no fixo, uma editora de revistas coloca os seus operadores de telemarketing trabalharem no escuro. O bina não identifica o número que está ligando. Aparece como desconhecido. E você não atende, porque tem medo de trote. É uma sacanagem da editora com as pessoas para quem liga e também com o pessoal do telemarketing.

Lembro que antigamente o telefone fixo era novidade. Então as pessoas faziam trotes. Se fossem somente crianças daria-se o desconto. Mas adutos telefonavam para sua casa e perguntavam se era do açougue. Quando a mulher atendia e dizia que não, o troteiro perguntava: então porque tem uma vaca ai? Nesse nível ou mais para baixo.

Agora o medo é da criminalidade. Ligam das penitenciárias, onde o aparelho de telefone não poderia entrar, para clonagem. A partir da clonagem o roubo pode ser somente dos seus créditos ou, na pior das hipóteses, os golpes do seqüestro que mesmo a pessoa sabendo ser uma armação fica preocupada com os parentes. E se for verdade?

O drama é que o celular, principalmente, está virando um treco que só pesa na bolsa da mulher ou faz volume no bolso do homem. As pessoas tem medo de atender. Só os números cadastrados na agenda do aparelho são recepcionados sem preocupação. O resto é motivo de desconfiança.

Virou um descontrole e autoridade nenhuma faz alguma coisa. Os aparelhos continuam a entrar nos presídios, as operadoras de telemarketing mantém seus procedimentos questionáveis ligando inclusive à noite e nos fins de semana, as operadoras de telefonia anunciam promoções questionáveis e a Anatel faz de conta que não é com ela. O povo que se vire (texto de Walter Ogama).

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