segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Tragédias familiares e omissão do poder público

Duas trágicas ocorrências policiais sábado e domingo em Cambé colocam em xeque, mais uma vez, o Estado e os seus programas em favor das famílias.

Num deles um pai teria matado com uma facada o filho de 21 anos e ferido a nora, de 18. A cobertura da imprensa para os dois acontecimentos foi tipicamente de plantão. As informações foram obtidas pelos jornalistas nos boletins de ocorrências. Quando muito alguém conversou com um escrivão ou um delegado para ter mais dados.

Nesse caso do pai que supostamente assassinou o filho, corre na comunidade onde o crime ocorreu que a violência naquele lar trágico era recorrente. As conversas são de que o pai dependia de medicamento controlado e não podia beber. Mas não largava o vício. Numa dessas ocasiões teria agredido a esposa, que abandonou a família.

Isso pode ser apenas um boato. Mas devido à gravidade exigiria uma rigorosa investigação do poder público. Se a esposa sofreu agressão e abandonou inclusive o filho e a nora, sem procurar a polícia, isso pode ser o sintoma de que ela não tinha expectativa de solução para o seu problema recorrendo à lei. Se o suposto assassino dependia de medicamento controlado e bebia, algum controle escapou da saúde pública e, provavelmente, da ação social.

Não há como controlar isso? Há sim. E claro que a própria família omitiu essa informação ao poder público representado pela saúde, pela segurança e pela ação social. Se foi recentemente criado no município um Conselho Municipal da Mulher e esta senhora que abandonou a família desconhecia dispor de um canal de ajuda, esta omissão também deve ser condenada. Se há uma Lei Maria da Penha não praticada ali onde esta senhora vivia, é também omissão e culpa do poder público.

No outro caso uma adolescente de 16 anos esfaqueou o cunhado. Claro que as informações divulgadas nos meios de comunicação tem mais tom sensacionalista do que analítico, este último de forma a contribuir com a sociedade alertando-a desse tipo de acontecimento. Por isso não se diz nos jornais a causa da agressão da adolescente ao cunhado.

Ou a facada foi uma tentativa de defesa? O que esta adolescente sofria? O Conselho Tutelar do município já foi até ela para saber? Havia uma causa para o ato. Espera-se, no mínimo, que a omissão que levou a este ato seja recompensada agora, mesmo que tarde, com ações e programas que tirem outras famílias da linha de risco.

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