terça-feira, 8 de novembro de 2011

Agir para que eles não façam o que bem entendem

A democracia é, por excelência, via de duas mãos e de tráfego continuo nos mais variados sentidos. Quando por indignação dizemos que estamos decepcionados com a política, na verdade o que nós, a população, manifestamos, é a descrença em relação aos políticos que elegemos. Tamanha é a nossa desilusão que, na maioria das vezes, esquecemos de praticar a democracia. Ou, negligentes, acreditamos que a nossa missão nessa democracia termina quando apertamos a tecla verde da urna eletrônica nos dias de votação.

Errado. Este apertar do botão verde significa o início de mais uma etapa do processo democrático. Estamos escolhendo alguém para nos representar nas esferas legislativas ou executivas. E, indiretamente, também no judiciário e nas outras coisas do poder público, incluindo as empresas mistas.

Se nenhum daqueles em quem votamos não for eleito, a democracia nos obriga a sermos cidadãos do mesmo jeito. Vigora, infelizmente entre algumas pessoas, que devemos virar as costas quando o prefeito, os vereadores, os deputados estaduais, o governador, os deputados federais, os senadores ou o presidente da República não são aqueles que gostaríamos de ter como nossos representantes. Isso é também errado.

Como também é errado desviar as nossas atenções do grande número de nomeados pelos eleitos para funções que são fundamentais a frente de órgãos públicos da saúde, da educação, da ação social, da agricultura, do comércio e assim por diante. São secretários de primeiro escalão, assessores e cargos comissionados colocados em postos chaves.

Em relação a todos eles temos que manter as nossas posturas com base no que nos permite a democracia. Caso os eleitos e os nomeados sejam de nossa confiança, a nossa tarefa é de, mesmo assim, fiscalizá-los para que desempenhem da melhor maneira possível e com muita lisura as missões que delegamos a eles. E se os eleitos e os nomeados suscitarem desconfianças, das mesma forma devemos cumprir com o que a democracia exige de cada um de nós, para corrigi-los, alertá-los e, quando as possibilidades de enquadrá-los como bons representantes estejam esgotadas, substituí-los.

Dizer que isso é impossível é entregar-se de peito aberto à passividade. Assumir que o problema não é meu, pois o governador ou o prefeito que temos não teve o meu voto é andar para traz na linha da democracia. A organização popular tem força quando seus objetivos são firmes. Bons organismos populares consolidam propostas coerentes e justas, conscientizam, abrem as possibilidades de negociações promissoras e, principalmente, merecem respeito.

Os jornais paranaenses desta terça-feira, dia 8 de novembro, trazem uma notícia muito triste: o governador do Estado quer aumentar as taxas do Detran em proporções escandalosas. O deputados estaduais dizem amém. Aliás, na primeira votação apenas sete deles votaram contra o tarifaço proposto pelo governo e um se absteve.

Não é segredo para ninguém que o Detran é um dos órgãos estaduais que empregou, após a posse do atual governo, uma grande quantidade de cargos comissionados que vieram das campanhas eleitorais. Enquanto isso, aprovados em concurso público que já foram inclusive chamados para exames médicos estão na fila, esperando o período de validade do processo seletivo caducar.

Por estas e outras: é hora de pensar seriamente na criação de um fórum permanente de moralização da política. Um fórum que anuncie os erros e aponte soluções. Assim estaremos praticando de um jeito mais direto a nossa democracia. É nosso direito e, muito mais: é nosso dever.

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