quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A educação, a renda e a longevidade em questão

O Brasil é um país com grande deficiência no sistema educacional e nem é preciso ir muito longe para detectar casos de negligência do Estado com os alunos, os professores e os pais de alunos. Baixos salários dos profissionais da educação, falta de investimento no ensino, despreocupação formalizada em relação à reciclagem dos profissionais que atuam na área são situações quase que corriqueiras em algumas regiões do pais.

No momento em que o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) divulga o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) 2011, temos a declarar que é simplista e inútil usar daquela frase apelativa e esgotada muito discursada por alguns políticos e analistas: “O professor faz de conta que ensina e o aluno faz de conta que aprende”. Isso é mentira.

Pois bem. Para calcular o IDH o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento considera a educação, analisando os anos médios de estudo de cada cidadão do país; a longevidade, que verifica a expectativa de vida da população; e a renda nacional bruta. A justificativa para o Brasil estar incluído entre os 187 países com IDH é por causa da renda nacional bruta. É provável que a longevidade também contribua um pouco. Mas em desenvolvimento da educação estamos muito abaixo de outros países.

Temos também que levar em conta que quando se fala em renda nacional bruta ficam de fora as desigualdades sociais, atualmente mascaradas com os programas sociais do governo federal que sustentam uma fictícia idéia de mais dinheiro para todos, quando sabemos que muitas famílias são obrigadas a sobreviver de benefícios.

Dentre os jornais que publicam nesta quinta-feira os números do PNUD, temos na Folha de Londrina o exemplo de um aprofundamento no enfoque. Na voz de um especialista ouvido pela reportagem, é oportunizado saber que esse mascaramento vai muito além, pois Londrina, por exemplo, concentra ricos e pobres que em determinadas estatísticas aparecem como iguais. Há favelas em abundância, com o ocorre em qualquer cidade brasileira de médio porte para cima.

Há inacessibilidade ao estudo e nem sempre isso ocorre porque a escola fica longe. Às vezes a escola está ao lado e com vagas de sobra. Mas a distância cultural das famílias – e isso também é responsabilidade do Estado – faz com que a travessia da porta do estabelecimento de ensino seja muito complicada. Pode ser a falta de um calçado que impede o aluno de freqüentar as aulas. Pode ser a fome. Pode ser a desilusão por tudo isso – a falta de calçado, a fome, a roupa rasgada e suja – que evite os pais de enviarem seus filhos à escola.

Quanto à longevidade, sabemos e estamos de olho: a Previdência Social, principalmente, que nos ver mais velhos para aumentar o nosso tempo de contribuição. Para que assim o trabalhador se obrigue a bancar por período mais longo programas sociais que não acabam com a pobreza. Apenas mantém as pessoas em extrema miséria na dependência de benefícios que eternizam as carências.

Repetimos: é resultado da nossa omissão em relação à democracia. Quem faz as políticas são aqueles que elegemos. Quem faz as estatísticas se baseia em critérios técnicos e científicos. Quem mantém esta situação somos nós quando dizemos amém a tudo. Então, de que adianta o Brasil estar em 84º lugar no ranking do IDH? Além de uma posição muito longe da dos países do Primeiro Mundo, essa inexpressiva pontuação ilude e é capaz de causar mais choque negativo de responsabilidade nos nossos governantes.

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