segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Ainda acham que somos uns cabeças ocas

Economistas consultados por jornais para analisar aspectos corriqueiros da economia costumam ser autoritários. Antes de prosseguir, alguns correções são necessárias. Corriqueiros, o que seria isso? Estamos nos referindo ao nosso chão. Nossas possibilidades e sonhos. Nossos limites, enfim. Então o melhor a fazer é trocar corriqueiros por rasteiros. Quanto aos autoritários, resta-nos sutilmente substituir por desinformados das coisas rasteiras.

Endossados por jornais que não se cansam de consultá-los sobre em que o trabalhador vai gastar o seu décimo terceiro salário, naquele tipo de produção jornalística sem novidade e sem informação de impacto com o propósito apenas de contentar as entidades que representam os lojistas, esses economistas se acham donos da verdade.

Não comprem à prestação, façam isso, façam aquilo, planejem, pesquisem, neguem, titubeiem e passem o Natal sem comprar nada que pretendiam. É mais ou menos assim. Não somente eles, os economistas consultados por jornais, mas também os jornalistas que os consultaram são de um mundinho diferente. Talvez alguns deles nunca tenham entrado num supermercado para fazer compras e achem-se no direito de analisar os preços do varejo com base em indicadores oficiais.

É bom que se diga: isto não é um manifesto de revolta. É apenas um alerta aos jornais e aos economistas consultados que o trabalhador de qualquer categoria consome de acordo com um planejamento. Se ele deixa para trocar a geladeira em dezembro, entenda que ficou os onze meses anteriores trabalhando esta compra desde a forma de pagamento até a relação custo-benefício.

Há sim, pessoas que exageram e dentre essas existem aquelas que são acometidas de uma enfermidade, a oniomania, popularmente chamada de doença do consumismo. É conveniente dizer que a oniomania é uma doenças que pode atingir qualquer pessoa, inclusive economistas que analisam coisas rasteiras para jornais de produções que são contra o vento que sopra até um palmo de altura. Traduzindo, é mais ou menos isso: rico pode gastar, pobre tem que economizar.

E nessa parte entramos naquela necessidade que é própria de qualquer indíviduo, a compensação. Oras, se ele trabalha um mês todo tem o direito de reservar uma sobra do salário para trocar o sapato com solado desgastado. Se ele transpira onze meses tem o direito de trocar o aparelho de televisão se houver condições para isso.

O que não pode é um analista achar que ele troca o calçado ou a televisão por puro prazer de consumir. Isso é considerar o trabalhador um analfabeto em aritmética e um desmiolado em comportamento de consumo.
   

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